"Não se fala em sustentabilidade sem Reforma Agrária"
10 de outubro de 2010
Por Pedro Alexandre SachesRepórter especial do iG Cultura
"Não se fala em sustentabilidade sem se falar em reforma agrária, sem se falar em agricultura familiar. Fica uma coisa meio... assistencialista", cutucou, à luz do dia, Fernando Anitelli, o líder do grupo paulista O Teatro Mágico.
Por baixo dos trajes de palhaço circense, ele usava uma camisteta vermelha do Movimento dos Sem-Terra (MST), que deixou bem à mostra no final do show.
O MST é bandeira antiga e constante do grupo paulista (de Osasco) que se notabilizou por misturar no palco música e artes circenses - e por conquistar uma legião assombrosa de fãs apoiado em circuito exclusivamente independente.
O SWU parecia concluir um ciclo na existência do grupo. "Com vocês... Vocês!", repetia Fernando, num bordão bem TM, dando finalmente tradução brasileira para o termo "Starts with U" que batiza este festival do capitalismo sustentável.
Apoiado em bordões que por vezes resvalam no clichê, o grupo enfrenta, desde sua criação no final de 2003, certa resistência (quando não desdém ou franca antipatia) por parte da mídia e da crítica musical mais comercial.
Talvez isso se deva ao uso, por parte da trupe, de um conjunto de motes comumente considerados anacrônicos e ultrapassados naqueles mesmos circuitos. O TM transborda de signos circenses, ciganos, poéticos, indígenas, afrobrasileiros, de teatro de rua, de Commedia dell'Arte - a temida bandeira do MST se incluiria, certamente, na lista.
Para desconsolo de quem prefira ignorar a força do Teatro Mágico, tais símbolos se ajustaram surpreendentemente ao espírito pretendido pelo SWU.
Quem olhasse ao redor enquanto soavam os violinos e sanfonas do TM veria por toda parte estilizações mais ou menos luxuosas de símbolos circenses/ciganos/mambembes/sem-terra/sem-teto: acampamentos (ainda que luxuosos), barracas, trailers, gruas e parafernália televisiva, tendas para shows e debates, assentos feitos de pneus usados, blocos de latas e papeis recolhidos por catadores, casas na árvore, telhados de folhas...
Na "vida real", a rica fazenda que sedia o festival talvez não aceitasse bem a proposta de reforma agrária e agricultura familiar levantada diante de um imenso descampado por Fernando Anitelli.
Não há muito embate acontecendo por aqui, exceto por raras exceções - certa atmosfera de eco-assistencialismo selvagem talvez explique, por exemplo, as ameaças do "povão" hippie-de-butique de derrubar os gradeados da área dita "vip" dos palcos principais (onde, não à toa, se posiciona a mídia).
Em tempo: para incômodo de críticos liberais, ecocapitalistas & outros bichos-grilos do século XXI, O Teatro Mágico foi recebido de modo consagrador pelo público que os ciceroneou à luz do dia ("com vocês, vocês!").
Diante de tal reação (e do impacto que o TM causa por onde passa), talvez caibam duas perguntas. Por que essa trupe mambembe agrada tanto? Seriam mesmo anacrônicos e ultrapassados os malabaristas, os acrobatas, os cuspidores de fogo e os poetas populares do Teatro Mágico?
(Foto: Jorge Rosenberg/IG)
Eu apoio o MST.
3 comentários:
Olá!!
Tenha uma linda Semana!!
Muita LUZ!!!
Como eu suspeitava desdo o princípio, o povo brasileiro continua aquele velho analfabeto político !
O brasileiro, em boa parte, ainda continua movido a sexo, drogas e rock and roll. Bastou rolar uma sacanagem o povo aparece !
Basta ver a diferença entre estes dois tópicos, este aqui sobre o MST e o de cima sobre devotees (que não são os devotos de nossa senhora aparecida).
Qual deles vc acha que está bombando ?
Inda bem que eu, Dazinha, canto , danço, assovio e chupo cana! kkkk
;)
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