Questão de pele... (minhas tatoos)

14 dezembro, 2014

Aventuras de 2014

Oi genteeee , e aí? Tudo certo?
Final do ano chegando e mais uma vez (como de costume) um balanço geral de como foram esses 365 dias começam a permear meus pensamentos. Os prós , os contras, os momentos bons e os ruins começam a ser relembrados com o único objetivo: crescimento, aprendizagens, experiências e gratidão.
Não querendo estabelecer uma tradição mística, mas tenho reparado há alguns anos que meus anos "pares" sempre vêem carregados de surpresas não muito agradáveis. Na verdade acho pura coincidência, mas... é algo pra se pensar.
Em 2014 não foi um ano diferente! 
Muitas coisas boas aconteceram, no entanto os momentos difíceis pra mim foram de lascar, literalmente! kkk
Até o término do primeiro semestre tudo ia muito bem, até que um belo dia no trânsito  sinto meu olho direito mega embaçado. Ao mover os olhos para olhar pelo retrovisor senti que algo não estava normal, ao fechar o olho esquerdo diagnostiquei: NÃO ESTOU ENXERGANDO DA VISTA DIREITA!
A principio (como sempre) pensei, não é nada, daqui a pouco passa. Teimosa como sou, deixei passar um, dois, três, sete dias, e o que era apenas uma visão turva passou a dar início à dores terríveis no globo ocular direito. Já não conseguia ficar na luz,  ver TV,  teclar no celular. 
A dor do olho direito tomou conta de toda minha cabeça e não tive outro jeito senão recorrer ao meu neuro.
Conclusão: você está num quadro de inflamação ótica, comum nos pacientes de Esclerose Múltipla, isso é um surto que exigirá de você cinco dias consecutivos de pulsoterapia. (Procedimento intravenoso a base de corticóide para cessar a inflamação).
Maior que minha dor no olho foi meu desespero em tomar os cinco dias seguidos de corticóide, ficar com a "cara" mais gorda do que de costume, e o pior de tudo FICAR INTERNADA!
Implorei para que meu médico solicitasse uma internação/dia, e assim graças aos deuses aconteceu.
 Fui ao hospital e voltei durante cinco noites seguidas tomar a medicação na veia durante quatro horas diárias, esperando pinguinho por pinguinho ser absorvido pelo meu corpinho que ficava cada dia mais rechonchudo. Assisti novela, propaganda eleitoral, conversei com pessoas mais "malacabadas" que eu, ouvi música, me indignei (e muito) com o quadro da saúde que não é privilégio único dos hospitais públicos, mas também nos hospitais particulares.
No primeiro dia já senti uma melhora significativa e no final do quinto dia digamos que a dor havia sumido e que 80% da minha visão havia voltado. Hoje, posso dizer que voltei a enxergar perfeitamente.
Passado o mês de agosto e meu esforço excessivo para  desinchar após o corticoide (quem passa por esse martírio sabe a dureza que é), vou numa bela noite de sábado jantar na casa de dois amigos (Danila e Marcelo, praticamente irmãos, graças a Deus rs) conversa vai conversa vem, euzinha "espertona", piso em falso num degrau de mais ou menos uns três centímetros, levo um mega tombo que até hoje não sei explicar como bati a boca no chão!
Resultado: Ao me levantar senti que meus DENTES DA FRENTE havia quebrado, além de sentir que alguma coisa de errada havia acontecido com meu meu braço.
O braço doía confesso, mas o desespero de olhar no espelho e ver um dente quebrado praticamente pela metade e o outro lascado me apavorou.
Respirei fundo e pedi pro William me levar ao hospital pra ver primeiro o que havia acontecido com o braço.
Foi um tombo tão bobo, que eu nem poderia culpar  a EM. Foi pura falta de atenção e descuido. Não acreditava que euzinha havia permitido tamanha displicência, visto que sou muitíssimo cuidadosa para não cair. De acordo com o médico, minha boca não estava machucada e nem meus dentes comprometidos, portanto, eles estavam sujeitos a quebrarem em qualquer situação, pois o excesso de corticóides enfraquece toda dentição. Sendo assim , o mais provável, foi um dente tensionado no outro e não a queda em si.
Nada sério com o braço, partimos direto para o dentista. Sábado, dez horas da noite e o meu desespero de ficar banguela ate segunda-feira.
Mas não, nada que R$400,00 à vista  não desse um jeitinho.
Sete dias depois, "o jeitinho", despencou na hora de escovar os dentes.
Tive um surto psicótico dessa vez kkkk.
Voltei ao dentista muda, (banguela de novo) e calada. Sentei na cadeira e chorei antes de começar o procedimento. 
O dentista havia me explicado que a resina utilizada no meu dente, havia sido uma resina normalmente utilizada para pessoas que possuem convênio, e não para aquelas que pagam particular.
Chorei mais ainda, de raiva, de revolta de vergonha por saber que pessoas são tratadas dessa maneira.
Dentes lindos, perfeitos e importados, (embora falsos), estou com eles reluzentes aqui em minha boca.
Se me perguntarem o que eu tenho de mais precioso no momento, direi imediatamente que são meus dentes. A partir disso pude compreender a profundidade de Clarice Lispector quando escreveu: "Sinto a falta dele, como se me faltasse o dente da frente."
Tudo certo, tudo arrumado, olhos ok, dentes ok, e um sentimento de pavor e medo passou a tomar conta de mim.
Retorno ao meu terapeuta que por sua vez conclui: você esta num quadro de ansiedade bem aguçado. Novamente procuro meu neurologista que me receita um ansiolítico e me faz emagrecer três kilos em um mês (há de acontecer algo bom em meio a isso tudo rs).
Estamos em meados de dezembro, e graças aos céus tudo vai bem. Já estou sem o remédio para ansiedade, os dentes continuam no lugar, os olhos acabaram de findar a leitura de Dom Casmurro, Machado de Assim , enfim, cada dia me torno mais consciente de que precisamos viver um dia por vez, um milagre por dia.
Levantamos pela manhã, sem saber o que o dia nos reserva.
O que a princípio é desespero e chateação, após assimilado passa a ser aprendizagem, riso e experiências. 
Ufa, que bom que viver é assim!
Não sei se com todo mundo acontece isso, mas após passar por momentos difíceis, quando as coisas voltam ao normal, damos mais valor às coisinhas pequenas, somos gratos aos detalhes, e passamos a sorrir com muito mais alegria... EU QUE DIGA! kkk
Que 2015 seja mais leve, sem tantas emoções, mas com muitos sorrisos.





19 agosto, 2014

Bom senso, cadê?

Oi gente! Quanto tempo hein?
Pois é, muitas coisas estão acontecendo e euzinha sem computador para registrá-las por aqui. Sei que a sensação de quem passa por aqui é de abandono, mas juro que não! Tenho estado sem tempo e sem um computador pessoal para que eu possa atualizar o blogg.
Mas enfim, chegou o dia de acabar com essa solidão. Tirar as teias de aranha e tecer meus (in) significantes comentários sobre algumas questões que tenho presenciado.
Quero primeiramente dizer que lamento muito a morte do até então candidato à presidência Eduardo Campos. O Brasil não só perdeu um politico, como cidadãos pais de família, cada um com sua historia num trágico acidente. Todos daquela aeronave, assim como muitos brasileiros têm suas vidas ceifadas de forma trágica e inesperada. Como ser humano me solidarizo aos familiares e lamento essas perdas.
Quanto a postura de sua vice Marina Silva,  prefiro não estabelecer juízo sobre as fotos tiradas durante o velório. Pessoalmente acho que algumas posturas foram de tamanha incoerência para tal ocasião. Concluímos assim, que a falta de bom senso tem imperado em nossa sociedade, trazendo um ar de normalidade para a falta de bons modos e coerência à determinadas situações.
Mas o que eu realmente quero expor nesse post é a incoerente postura de muitos cidadãos que têm usado das redes sociais para tecer suas opiniões quanto ao cenário politico que estamos vivendo.
O descontentamento têm feito com que pessoas de modo superficial e leigo, estabelecessem opiniões sem profundidade e coerência.

Tenho visto pessoas atacando políticos sem bases argumentativas. Vozes de massa, como aquelas que pediam para Pilatos: CRUCIFICA-O! Sem obterem critérios coesos para tais pedidos.
Da mesma forma, lamento a postura de militantes que sacramentam seus ídolos políticos como mártires, livres de quaisquer críticas.
Cada vez mais desenvolvo a vontade de trilhar o caminho do meio, caminho esse que está longe de ter como  sinônimo o “estar em cima do muro”, muito pelo contrário, é possuir a consciência de que para estabelecermos determinadas críticas, precisamos antes de mais nada sermos coerentes com nossas posturas.
De que adianta discursos humanitários, senso de justiça e uma fé cristã se em nosso dia a dia, não temos a capacidade intelectual de estabelecermos analises que diferenciem pessoas de ideias.
Pode reparar, em períodos de eleição, desabrocham pessoas que desfrutam de uma vida confortável, que nunca se interessaram por politica e pelos problemas sociais, como grandes críticos  defensores do povo. Mas pergunto eu: que povo é esse?
Quando falamos em reforma agrária, quando falamos em de distribuição de renda,  quando é proposto políticas públicas que incluem e beneficiam o povo e as minorias, o “povo” que não gosta de povo vem com o velho e raso discurso: “Não podemos dar o peixe, precisamos ensinar a pescar!”
Assim nos cansamos de ouvir sobre o Bolsa Família, sobre as cotas raciais e outros programas do governo federal.
Eu lamento profundamente a valia e a nobreza de se ajudar ao próximo através do discurso assistencialista  e das caridades feitas de modo estritamente religioso.
Em nome de Deus, tudo é valido, migalhas aos pobres, agasalhos no inverno, sopão aos mendigos, cestas básicas, brinquedinhos para crianças carentes no natal. Tudo isso ganha um caráter de bondade e caridade. E o papo do ensinar a pescar, como era mesmo?
Muitos desses que criticam ferrenhamente politicas públicas inclusivas são os que mais se envolvem e se beneficiam das glórias do assistencialismo social que praticam.  Afinal como irei me enobrecer se todos forem iguais?
O discurso do amor cristão não vale de nada quando nos denunciamos ao destilar o ódio e o egoísmo que habita em nós.
Ainda ontem após a sabatina com a presidenta Dilma no Jornal Nacional, entrei no Face book para visualizar a repercussão de tal entrevista, grande foi a minha surpresa ao presenciar comentários de determinadas pessoas à presidenta. Insultos pessoais de quem não consegue distinguir pessoas de ideias,  por não terem argumentos insultam e menosprezam a pessoa física invés de tecer criticas pontuais às posturas ideológicas.
Fico enojada com o caráter (ou a falta dele)  de pessoas que desejam o mal físico, que usam seu humor  e sarcasmo medíocre  para desejarem o mal, seja pra quem for. Essas mesmas pessoas que em nome de Deus são consideradas nobres e integras, são as pessoas que ontem vi desejando a Morte da presidenta.
Humor? Desculpem-me, mas pra mim não passa de pessoas maquiadas de bons cidadãos mas que na verdade fedem quando expõem seus valores e opiniões.
Essa foi a postura de um jovem politico aqui da minha cidade, “pseudo bom moço”, evangélico,  que disse jurar querer comentar seu desejo que assim como aconteceu com Eduardo Campos, uma noite no Jornal Nacional e na manhã seguinte morto,  quisera acontecer com Dilma Rousself! Mas que devido aos seus bons modos não poderia desejar tal atrocidade.
Para finalizar esse post, deixo um  versículo que os cristãos bem conhecem. Deixo para que além da teoria ele possa ser conhecido e praticado, para que assim todo discurso espiritual ganhe valia quando colocado em prática.
“...porque pelo fruto se conhece a árvore.” (Mateus 12:33)

Carpe Diem

10 março, 2014

A Esclerose Múltipla e a Respiração

Oi gente...tudo bem? Espero que sim.
Há tempos não passo por aqui pra falar sobre a EM, e cá entre nós que o calor que tem feito não poderia deixar de vir aqui chorar as minhas e as pitangas de muitos amigos que têm sofrido com essas ondas de calor.
Uma amiga me procurou no face essa semana para compartilhar o quão tem sido sofrido o verão pra ela. Que tem sentido os sintomas de fadiga se agravando dia a dia. O desânimo e a falta de disponibilidade pra viver tem tomado conta do seu corpo.
Pois bem, não poderia deixar de dizer que ela não tem estado sozinha nessa luta. De fato nós escleróticos temos sentido mto desconforto com esse calor. O jeito é ficar de olho na temperatura corporal, tomando nossos sagrados banhos frios e sentir-se livre pra andar praticamente nu, (quero dizer, com roupinhas leves, rs) evitando lugares aglomerados e atividades que possam gerar uma onda de calor maior do q ja estamos expostos nesses dias.
O que achei nteressante e me motivou a escrever essa dica que postarei a seguir, foi o questionamento que a mesma fez com relação a sensação do tal "cinturão" assim como dos "formigamentos" que eu sempre reclamava muito.
Esse questionamento fez com que eu me desse conta de que eu não me lembro qdo foi a última vez que senti esse aperto terrivel em volta da cintura, nem tampouco os formigamentos.
Pra quem desconhece esse sintoma muito comum nos pacientes de Esclerose Múltipla, o cinturão é uma sensação de aperto em toda a volta do abdomem, ele toma todo o tronco, nos impedindo de respirar com normalidade. Além de tirar-nos a força abdominal. A sensação é de fato que estamos utilizando uma cinta apertada ao redor de toda a cintura. E devido à isso, o formigamento e a falta de sensilbilidade tambem aparecem para causar um desconforto ainda maior. Não ha posição para nada, o andar acaba sendo comprometido, o sentar, o deitar... tudo gera essa sensação de aperto.
Logo que comecei a praticar yoga, há mais ou menos dois anos, frequentemente  reclamava pra minha orientadora de que estava com muitas formigas e com o tal cinturão. Era só a temperatura aumentar e meu corpo se sentir fadigado e quente, pronto! As Formigas e o cinturão apareciam.
Como estava dizendo, não sei qual foi a última vez que tive esse desconforto. Por isso vou compartilhar uma técnica que aprendi na yoga, e que mudou essa página da EM na minha vida.
Essa técnica se chama PRANAYAMA, é uma tecnica respiratória que traz à respiração um movimento continuo e consciente. Eu particularmente havia perdido toda a força do abdomem, não conseguia virar nem uma cambalhota. 
Devido à essa prática, consigo fazer posturas (asanas) que exigem força abdominal. Sem contar que até o equilibrio melhora qdo a respiração é feita de forma consciente. É algo incrivel, que deu jeito nas minhas formigas e adeus ao cinturão. Quero deixar claro que estou falando especificamente para pacientes de EM, mas qualquer pessoa pode e deve fazer a prática. 
No inicio, confesso que é bem dificil, pois estamos acostumados a respirar erroneamente, mas com a prática e disciplina as coisas começam a fluir e dar resultados. 
Abaixo um video com um exercicio que pode dar um bom resultado. Espero que gostem...



 Bjos CARPE DIEM 
( NAMASTÊ  _/\_ )



08 fevereiro, 2014

Sereias e marujos

Oi gente... passaram bem as festas de final de ano? 
Sei que estou um pouquinho atrasada para desejar um ano cheio de bons ventos e surpresas boas, mas estou muito honrada por ter recebido o poema abaixo de um amigo que admiro muito politicamente, que amo conversar, que sempre recorro à ele por seus conhecimentos sobre a cultura africana e por sua atenção e companheirismo.
Que este primeiro post do ano me traga bons ventos com a benção da Rainha das águas a quem tenho cada dia mais apreço e admiração. Que nossa amizade Alessandro Oluandeji permaneça, e que possamos vaguear por poemas, maracatus, pontos, devaneios e reflexões por ciclos e ciclos de nossas vidas. Gratidão poeta, você é um querido e me divirto mto com nossas conversas.





Quem nunca soube das historias
Contadas em terra firme e em alto mar Fala sobre os marujos encantados com o canto E a sereia que enfeitiça em noite de luar Alguns dizem que ela está sentada num pedra E até falam que sua casa é o fundo do mar Mas quando fecho meus olhos a vejo Sempre a cantarolar em cimas das ondas Das ondas que batem na areia Onde fica Kaiatumbá E podem falar ate de Netuno Mas o encanto que se fala da sereia Faz parte da historia de todos os mares E ate em países distantes que ela vagueia Chamando os marujos para perto da areia Onde os leva nas ondas pequenas Para pedra da linda sereia E quem não sabe da historia não entende esse legado Rogo a Deus proteção e Yemanjá perdoe meus pecados Eu não sou um marujo, mas gosto de navegar. Eu amo as Sereias e não vou desconfiar

Alessandro Oluandeji




28 dezembro, 2013

Mais leve do que nunca

Oi genteeeeeee...
Aqui estou pra falar hoje de algo que é tabu pra muita gente. O bom funcionamento intestinal.
Não sei se devido ha inúmeros exames que me submeti  em busca do meu diagnóstico de EM ou se ao fato de ter passado por maus bocados qdo perdi minha filha ainda durante a gestação, confesso que me cauterizei com tabus e pudores sobre quaisquer procedimentos relacionados à saúde.
Me diverti horrores hoje a tarde conversando com minhas amigas e contando como foi um exame na qual me submeti ha mais ou menos duas semanas.
Alguem já ouviu falar de colonoscopia e hidrocólonterapia? Pois bem, por livre e espontânea vontade (contudo sabendo dos beneficios para esclerose múltipla) resolvi, por conta própria realizar tais procedimentos.
Antes de mais nada, pra quem não sabe do que se trata irei explicar:

A hidrocolonterapia baseia-se em práticas milenares de limpeza intestinal (feita com água morna, purificada e ozonizada). Amplamente indicada por médicos do mundo todo, como tratamento auxiliar para o bem-estar físico mental, cura de diversas doenças, trazendo vários benefícios, dentre eles o rejuvenescimento.
O processo de evacuação intestinal está relacionado com várias funções do organismo, dentre elas a função respiratória, circulatória e a atividade cerebral, inter-relacionadas através do sistema nervoso periférico (nervos). Sua desregulação, afeta vários sistemas com os quais se relacionam.
Experimentamos uma boa saúde e bem estar quando o cólon esta limpo e funcionando perfeitamente.
Sua necessidade resulta no fato de que, a maioria das pessoas não possui a função intestinal em perfeitas condições, contribuindo para uma composição alterada de bactérias intestinais, isto é Disbióse, resultando em processos digestivos deficientes com formação de substancias tóxicas e resíduos, que provocam um auto-envenenamento do corpo (auto-intoxicação). As conseqüências imediatas deste processo se revelam na perda de vitalidade, cansaço, depressões, falta de concentração, agressividade e estados de ansiedade, que em longo prazo serão o motivo de várias doenças.
Recentes estudos científicos proclamam o intestino como o “segundo cérebro” (cérebro emocional). Além de atuar como um órgão inteligente, selecionando, entre o que comemos e que é útil para o organismo, o intestino é responsável pela produção de substâncias químicas fundamentais para o bom funcionamento da mente e do corpo.



A colonoscopia é o exame endoscópico do intestino grosso. É realizado principalmente para detecção de pólipos (tumores benignos), que podem sofrer transformação para malignidade. O exame também detecta cânceres iniciais e faz o diagnóstico de Cancro (tumor) avançado. É utilizado também para o diagnóstico de doença inflamatória intestinal e outras patologias. Além da avaliação da mucosa intestinal e do calibre do órgão, permite a realização de coleta de material para exame histopatológico (biópsia) e a realização de procedimentos como a retirada de pólipos (polipectomia), descompressão de volvo intestinal e a hemostasiade lesões sangrantes.

A colonoscopia virtual, também denominada colonografia é um exame que utiliza reconstrução em terceira dimensão de imagens obtidas através de tomografia computadorizada, é um exame não-invasivo destinado à avaliação da mucosa do cólon. Tem a vantagem de ser menos incômoda que o exame endoscópico, porém também requer preparo (a limpeza do cólon), e estudos sugerem que seja menos eficaz para a detecção de pequenas lesões, e não permite a realização de coleta de biópsias. É consideravelmente mais caro e pouco disponível.

Pois bem, estava um tanto ansiosa para o exame. Depois de uma preparação rigorosa realizada em casa, me internei as seis da manhã acreditando que seria algo rápido e não tão sofrido.
Ahhh , ledo engano. Após subir ao meu apartamento, confortabilissimo, tive que tomar num período de meia hora um litro de uma limonada açucarada que me fez sentir enjoos, e me causou mtos vômitos.
Como ja havia pesquisado sobre o procedimento, estava ciente que seria acoplado uma válvula, que irrigaria o intestino com um soro glicerinado. Na teoria tudo estava muito bem, obrigada.
O desconforto e o enjôo eram apenas o começo de uma longa sessão de higiene intestinal, espiritual e intelectual kkkk. Como ja havia realizado um procedimento severo em casa a base de laxantes, coca-cola, gatoraide e miojo, pensei que tudo na clínica seria muito mais simples.
 Das seis e meia da manha, quando cheguei ao hospital, fiquei até as 11 horas  para a limpeza. Enquanto o liquido da lavagem não saiu branquinho e cristalino não pude realizar a outra etapa, a colonoscopia.
Ao fim da tarde a equipe laboratorial, atrasadissima, chegou à clinica para o procedimento.
Fui anestesiada e submetida a colono. Não vi absolutamente nada,   quando acordei o exame ja havia sido realizado.
Em repouso devido a anestesia, recebi alta e saí do hospital às sete e pouco da noite. Exausta e abatida fisicamente, no entanto, feliz da vida com minhas tripas limpinhas limpinhas. rs

O que eu quero deixar aqui registrado,é a importancia de não  termos preconceito para com exames que mtos de nós consideramos vexatórios. Precisamos encarar algumas coisas como prevenção e com uma bela pitada de humor.
Digo e repito, que só atraves do conhecimento e da ruptura com preconceitos, podemos obter uma boa qualidade de vida, principalmente no caso de pacientes que possuem alguma patologia que ainda não possui cura, pois "vira e mexe" um exame novinho em folha nos é proposto.
Como ja disse, eu desejava realizar esse procedimento por  acreditar que possuímos uma memória não só intelectual, emocional e espiritual, como tambem acredito que possuímos uma memória visceral, que numa limpeza profunda como essa (próximo ao término do ano e inicio de um novo ciclo, o novo ano) contribui energeticamente para um beneficio global do indivíduo.
Quer seja por filosofia ou por necessidade física, a disposição para o novo sempre irá nos favorecer. Acredite!
Bjosss (de quem se sente leve... leve... kkk)
Carpe Diem

27 novembro, 2013

Quem não se inquieta diante de um ser livre? Quem?

Oi gente... ontem a noite ouvi esse texto no youtube e decidi compartilhar aqui no meu espaço. Me vi em cada linha, em cada verso, em cada pausa respirada  da voz desse homem durante sua narração.  Consigo ver nessas palavras uma linha temporal do meu processo evolutivo de fé, de crença, de consciencia!
Quem tiver interesse, vale mto a pena lê-lo (se prefirir ouça o audio), quem não se sentir a vontade, desconsidere-o. Afinal, a liberdade, pega bem pra todos, mas só alguns a desejam profundamente! 
Bjs Carpe Diem...



Deus? Desacredite


Acreditar que Deus existe é um pequeno e tímido movimento da consciência. Acreditar em Deus é comprar o pacote cultural/religioso/ocidental sem discussão, sem questionar, sem enxergar. Nesse ponto os agnósticos estão um passo a frente.
É bem mais fácil acreditar em Deus do que desacreditar. No entanto, quem está disposto a se expor às implicações de identificá-lo dentro de si mesmo? Nem sempre é tranquilo reconhecer-se como morada de Deus, parte dele, nele, desvinculando sua percepção da necessidade de olhar para fora.
Isso porque a primeira é corroborada pelo senso comum, pela nossa cultura, pela maioria que elegeu aquela figura de barba, feito a nossa imagem e desconfortável semelhança e, nele, pregou uma placa escrito “esse é deus. acredite ou vá para o inferno”. “Pega bem” acreditar em Deus. “Pega mal” desacreditar. É como se todos fossem obrigados a crer do mesmo jeito, afinal, fomos moldados culturalmente para simplesmente acreditar, sem refletir, sem discutir, sem duvidar, sem respeitar espaços, sem dar atenção aos vazios. É bem mais fácil controlar pessoas, movê-las a viver em dogmas, segregando, separando, guerreando quando, sem argumentos, eu digo “é porque deus quer”, “é porque deus me disse”.
Interiorizá-lo é o inicio uma viagem solitária e de muitas desconstruções. É diferente de “acreditar”. Eu posso ou não acreditar no que me dizem, mas quando a crença vira experiência você se enxerga diante de questionamentos até ontem inquestionáveis, percebe-se relativizando o que parecia absoluto, duvidando do que dizem estar fora de discussões, invertendo vertiginosamente a lógica do que antes acreditava, deslocando o olhar das pirotecnias que insistem em dizer “Ele está lá”, diante da inevitável constatação de que “Ele vive aqui”. Isso produz uma profunda e radical inversão de percepção de tudo, caotizando um mundo até então construído a base de crenças, não de consciência.
É colocar-se no contra fluxo, desprender-se da maioria, desvinculando-se de culturas, desfazendo-se de tradições, livrando-se de sistematizações que se esforçam para encaixotar o que não cabe em cartilhas, para apreender o que não lhes pertence, em ser voz do que não cabe em uma única voz, de ser donos do que está em mim, em você, em cada um de nós. Acredite: Isso nunca é fácil. Dói na grande maioria das vezes.
É sentir-se herege por um tempo, temer a própria loucura, achar que se contaminou, desviou, desagregou enquanto seus pares se apressam em julgar-lhe, em dizer ” sei o que está por trás do que você diz” e se distanciam, se afastam, afinal, você se tornou perigoso. Sim, você se torna uma real e potente ameaça! Crucifica ! – gritariam se pudessem.
É muitas vezes ir contra as tradições da família, dos amigos, do cônjuge, dos grupos, afinal, estamos falando de um caminho de descobertas, de quebra de paradigmas, de profunda e radical mudança de percepção, com todas as implicações que isso acarreta. Acreditar em Deus é uma coisa, desvincula-lo do símbolo, dos dogmas, do nome “d-e-u-s”, das fórmulas, das pré concepções, dos pré conceitos, dos limites, das descrições, dos códigos, das caixas, das propriedades e simplesmente enxergá-lo em si mesmo, dissolvendo-se nele, produtor de mistério, essência do ser, fonte de sabedoria e pacificação é outra completamente diferente, especialmente porque, diferente dos sistemas, enxergar Deus na gente nos torna livres, independentes e não sequestráveis por ameaças. Quem não se inquieta diante de um ser livre? Quem?
Portanto desacreditar de “Deus”, esse dos códigos, torna-se necessário. Afinal, o que fazer quando percebeu que os passos, a voz, os movimentos sutis, mas constantes, suaves, eloquentes de Deus não vinham de lá, não estava fora, não se vinculava ao que aprendeu, mas vinha de dentro de você? Como voltar atrás depois que reconheceu-se parte de Deus, não Deus fora, não Deus lá, não Deus deles, não Deus nosso, mas Deus meu, em mim, aqui?
Nossas mentes podem fazer várias viagens, há muitas e muitas reflexões a serem feitas, processos a serem desenvolvidos, caminhos inimagináveis a serem trilhados, no entanto, acredito ser essa percepção o ponto de partida, a linha de chegada, o começo, o meio e o fim de todo entendimento, de tudo o que realmente faz diferença.

25 outubro, 2013

Fé X Aceitação (parte I)

Oi minha gente, saudades do meu cantinho! 
Estou sem computador  e devido a isso tenho entrado pouco na internet.
Dia desses passei aqui pelo blogg para verificar alguns comentarios e mais uma vez tomei a decisão de não aceitar um comentario sobre o post anterior: "Haja Paciência".
A pessoa além de não identificar-se estabeleceu um comentário totalmente inflexivel e raso sobre meu "equivoco" de não mais compreender a importância do evangelismo daquela mulher que encontrei no INSS.
Ao final de ideias prontas e chavões de fé  a pessoa (cristã e anonima) completou: "Se você aceita sua doença... Boa sorte!"
A princípio lamentei por aquele leitor não compreender a ideia intrinseca que vai bem além do fato daquela mulher insistir em falar de Jesus (deixo claro e cristalino que o problema difinitivamente não é esse). O que me faz lamentar é a sensação de se sentir exaurida pela falta de bom senso que toma determinados cidadãos delegando ao invisível todas as culpas e responsabilidades, todos os méritos e desméritos por tudo que acontece nessa vida! Me desculpe, mas não aguento e nem estou disposta a aguentar.
Mas enfim, levei  esse caso para minha sessão semanal de terapia e juntamente com meu psicólogo ´Dr. Rodrigo Martins começamos a refletir sobre FÉ e ACEITAÇÃO.
Insisto em dizer que aceito sim minha doença, que convivo tranquilamente (na medida do possivel) com a EM, e que certamente seria uma esclerótica frustrada se vivesse meus dias na ignorância  de que uma patologia que ate o momento não possui cura sumisse feito magica : PLINNNNNNNN! 
Se isso é sinônimo de fé, me desculpem... minha fé consiste em agradecer aos céus todos os dias, vivendo um dia por vez reconhecendo minha atual condição e vivendo da melhor maneira possivel.
Após suplicar (momento exagero), tenho hoje o prazer de sua ilustre presença rs e  tê-lo aqui em meu blogg, falando sobre o processo de aceitação não só na  Esclerose Multipla, mas de modo geral.
Espero que gostem...
Bja Carpe Diem
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Aceitação...ou como o processo do luto pode ser visto diferente

Texto escrito por: Rodrigo Ruis Martins, psicólogo inscrito no CRP 06/107.982.

Olá, sou o Rodrigo, psicólogo, e a pedidos estou escrevendo esse texto sobre a questão da aceitação.
Uma das muitas questões abordadas neste blog é a Esclerose Múltipla (E.M) , e como patologia crônica e ( até o presente momento) incurável deve-se sempre tomar muito cuidado com uma das principais demandas quando se pensa nessa questão: o luto e os problemas de se desenrolar de forma saudável esse momento.
Uma das minhas frases favoritas é de um psicólogo americano chamado A. Beck ( patrono da Terapia Cognitiva):

" Não é uma situação por si só que determina o que as pessoas sentem, mas, antes, o modo como elas interpretam uma situação"
( Aaron T. Beck, 1964)

Vamos entender melhor o que Beck quis dizer com isso:

  • A Esclerose Múltipla ( e qualquer outra patologia) não vai desaparecer só porque você se recusa a falar sobre isso.
  • A Esclerose Múltipla ( e qualquer outra patologia) não vai desaparecer só porque você conta para tudo e todos que é portador.

A situação ( E.M) por si só não determina o nível de sofrimento que você terá que enfrentar. Qual o nível de sofrimento que você terá depende muito mais como você conduz a situação ( e de como você pensa , seus sistemas de crenças e valores ), do que ela por si só.

Ta bom Rodrigo, mas lá no começo você falou de luto. Luto não é só quando morre alguém?
Sim e não. De fato o luto é quando morre algo, mas não precisa ser necessariamente alguém.
Quando deixamos de ser criança e nos tornamos adolescentes enfrentamos o luto da morte do status de criança.
Ao perdermos o emprego, enfrentamos o luto da morte daquele emprego.
Quando alguém recebe o diagnóstico de E.M ele terá que enfrentar um terrível luto. A morte daquele que ele chamava de “eu” para um novo “eu”. Um com E.M. e todas as limitações que isto implica. E pode ser muito complicado.
Um dos meus modelos preferidos é o proposto por Kübler-Ross dividido em 5 estágios :

  1. Negação ( “Eu não tenho E.M., isso foi erro do médico, vou procurar uma 2º,3º,4º opinião” )
  2. Raiva ( “Que merda! Justo comigo? O que fiz de errado! O fulano tal tem uma vida toda errada e isso acontece comigo??”)
  3. Barganha ou Negociação ( “Se eu fizer isso...aquilo vai acontecer”, normalmente de cunho religioso o paciente negocia com Deus a sua melhora, as conhecidas promessas)
  4. Depressão ( “ Já que estou com E.M vou desistir e jogar a toalha “)
  5. Aceitação ( “Bem tenho E.M. e tudo bem, vou conseguir conviver bem com isso” )

Nem todos vão passar pelos 5 estágios ( normalmente 2 ou 3 estágios apenas) e não estão em ordem, porém deve-se lembrar que o objetivo sempre é chegar em estágio de aceitação.
E como chegar a aceitação?
Bem, somos todos únicos e não existe uma formula mágica para isso acontecer, porém não posso deixar de escrever o que eu acho que deveria ser claro para todos: Procure um psicólogo, ele está apto a te ajudar. Ter E.M. é muito complicado e você precisa de toda ajuda profissional.
Ele vai conseguir perceber seus padrões de pensamentos e comportamentos disfuncionais e te ajudará a pensar em alternativas para eles.
Tenho que colocar uma observação que Aceitar a condição de ter E.M. é diferente de desistir e deixar levar. Essa atitude está muito mais ligada ao estágio de Depressão do que aceitação.
Aceitar é entender as limitações e trabalhar para que elas não o atrapalhem em ter uma vida feliz.





25 setembro, 2013

Minha Santa Paciência

Bem, depois de alguns dias sem aparecer por aqui, venho hoje falar sobre tolerância.  Pois é, me refiro a tolerância no sentido extremo de paciência.
Tenho pensado nas caracteristicas que diferem e complementam uma palavra à outra depois de um ocorrido que me sobreveio dia desses.

 Vamos ao significado especifico e resumido de cada uma:

pa.ci.ên.cia 

Do latim patientia,  Virtude de quem suporta males e incômodos sem queixumes nem revolta. Qualidade de quem espera com calma o que tarda (...) Paciência de Jó: grande paciência, como a desse patriarca bíblico.


to.le.rân.cia 

Do latim tolerantia, Qualidade de tolerante. Ato ou efeito de tolerar, de admitir, de aquiescer. Direito que se reconhece aos outros de terem opiniões diferentes ou até diametralmente opostas às nossas.  Boa disposição dos que ouvem com paciência opiniões opostas às suas. (...) T. religiosa: atitude governamental em que se concede plena liberdade de culto. T. teológica:condescendência em consentir todas as opiniões que não são abertamente contrárias à doutrina da Igreja.



Pois bem, sentiram que de acordo com as definições apresentadas acima o ato de tolerar exige de nós alem das caracteristicas de ser paciente um "que" a mais?
Pois foi esse "que a mais" que por pouco me fez perder completamente a paciencia dia desses!

Tudo começou qdo solicitei uma nova data para realizar uma nova perícia  para auxilio doença no INSS.
Marquei a data atraves do telefone 135, e me dei conta que o dia agendado antecedia o dia que iria até meu medico pegar meu laudo.
Liguei novamente no mesmo numero e fui informada que nao poderia remarcar a data por telefone. Que deveria comparecer pessoalmente à agencia do INSS e lá então me justificar o porque do meu não comparecimento para o dia agendado por telefone.
Burocracia pouca, é bobagem!!!
Lá fui eu. Naquela semana estava péssima com uma infecção alérgica que me fazia tossir 15 vezes a cada dois minutos! rs
Logo que cheguei, tive a ilusão que chegaria até o guichê de atendimento e logo seria atendida, afinal era apenas me justificar e reagendar uma nova data.
Ahhh quanto engano!
Entrei na primeira fila. Recebi uma senha. Não havia local para me sentar. La se foram uns  15 minutos em pé. Fui atendida. Recebi uma segunda senha. Em meio a multidão avistei duas cadeiras vagas. Rapidamente minha mãe e eu nos assentamos. Olho no relógio, 15:30h. Olho minha senha, P0103. Olho para o painel P0071. 
Ainda bem que havia uma cadeira vazia. Pensei...

Não havia dado nem três minutos que eu  tinha me assentado, uma senhora "simpaticissima" me questionou ao ver minha muleta: 

-Acidente ?
- Foi! - respondo.
-De carro? 
-Não. De medula! Explico. (medula sempre parece algo mais grave e ao mesmo tempo mais simples de explicar). Tem dias que não estou afim de contar toda minha historia. Tenho esse direito!

Com o olhar apenas para o painel eletrônico, demonstrando não estar aberta para nenhum tipo de diálogo ouço:

- Você é bonita!
- Obrigada! (Sou medida dos pés a cabeça.)
- Seu anel é de brilhantes?
- Não.  É falso, comprei no Paraguay!
- Você é mesmo muito bonita!
- Não é sempre! ( Tento alertar que minha beleza estava prestes a chegar ao fim! rs)

Como se o diálogo estivesse fluindo e eu a pessoa mais receptiva naquele momento, sinto meu braço sendo tocado seguido da seguinte frase:

-Jesus pode te curar!
Tive q olha-la nos olhos e dizer, EU CREIO! (Dando um basta naquela conversa).
- Sabe, Deus me deu o poder de cura. Meu pai tinha cancêr e Deus me usou para curá-lo. Minha vizinha sofria de vitiligo, tambem orei por ela e como num milagre foi curada!

Claro que euzinha não poderia me deter. Estava diante de uma santa! E isso muito me interessava! 
Só não entendia o porque, que aquele poço de virtude estava ali como eu, a espera de um parecer de um médico perito.
A questionei sobre a providência do seu laudo, e minha surpresa não foi grande qdo ela prontamente me mostrou sua lista de especialidades médicas que garantiam sua incapacidade fisica e psicologica para o trabalho.
 Dentre ortopedistas, cardiovasculares, neurologistas, psicólogos e psiquiatras, eu passei a me interessar menos ainda pelos "milagres" realizados por aquela mulher.

- Você precisa ir à igreja!
- Não obrigada!
- Você precisa de um encontro com Jesus!
- Já tive varios!
- É mesmo? E como foi? Indagou ela.
- Foram tantos encontros que acabei desencontrando!
-Mas porque você nao vai ao  RR Soares ?
- Cruzes! Respondi.
- E o Apóstolo Valdemiro?
- Deus que me livre! Concluí.
-Me diga uma coisa minha senhora? Porque Deus nao te curou ou não te aposentou  ainda? Assim a senhora não precisaria estar aqui. Passar por isso!

Ufa, estabeleceu-se um silêncio.
Volto meu olhar para o painel eletronico. Minha mãe me olha com aquela cara de que me conhece e que se sente um pouco preocupada por eu estar munida com uma muleta cor de rosa aparentemente inofensiva.
Mas eis que de repente um aparelho de celular se acopla ao meu ouvido numa altura estridente com a voz de um pregador aos berros que faz com que Deus o ouça a força, pela altura e pela distancia da terra ao céu.

Eu mereço! Sim eu mereço! Ja estive do outro lado e mesmo nao agindo dessa forma, era continuamente orientada a falar do amor de Deus em tempo e fora de tempo como ordena as escrituras independente de quem atravessasse o meu caminho.
Certamente o susto que levei com aquele radinho as alturas, me fez pular uns dez centímentros da cadeira, além de me deixar com um zumbido no ouvido o resto da tarde.

Olhei novamente àquela senhora e pedi que me respeitasse, que não estava disposta em ouvir pregação nenhuma naquele momento. Que a individualidade das pessoas mereciam ser respeitadas.
Logo ela tirou o celular com o radinho de perto dos meus ouvidos e colocou uma musiquinha baixinha de uma cantora gospel que aos berros e um fôlego incrivel cantarolava sobre os anjos e demonios certa da vitoria numa vida fora da terra.

Longe da minha senha ser chamada, comecei a refletir sobre o papel daquela mulher. A incoêrencia que sem ao menos se dar conta ela estava ali se submetendo.
A muleta quem segurava era eu, mas a que ela carregava era invisível e pesada, ao ponto de fazê-la expor-se ao ridículo e a inconveniência. Pois todos a olhavam e riam dela.

Seu silêncio, não durou muito tempo. Me explicou que fazia parte de uma igreja em células, e que era seu dever saquear o inferno e povoar o céu.
Milagrosamente meu coração se encheu de compaixão daquela mulher. Pois também vivera as orientações que estavam sobre ela. Também tentei povoar o céu. (Não matei ninguem, faço-me clara! Ao menos não fisicamente!)
Mesmo não agindo com inconveniência, e sempre respeitando o espaço alheio. Sempre que tinha oportunidades falava do amor de Deus (como até hoje falo) mas sem a escravidão de uma tarefa que necessariamente tenho que cumprir. Que me delegaram.
Só sei que minha tolerancia se transformou em compaixão. Estava ali, diante dos meus olhos, uma das muitas pessoas que em sua simplicidade se expõem por amor, por ordem, por religiosidade, fanatismo, compromisso, falta de conhecimento ou sei lá eu por qual motivo.
Passei a dar a atenção para aquela mulher para outros assuntos não relacionados à igreja. Me contou do primeiro casamento. De suas perdas, das suas frustraçoes, da sua saúde, de onde havia almoçado aquele dia e do prazer de gastar vinte e poucos reais num restaurante por kilo.
 A simplicidade de confessar que não é sempre que tem a oportunidade de comer bem e que se pudesse comeria muito mais, me fez sorrir com tamanha sinceridade  ao ponto de esquecer-me do zumbido no ouvido causado pelo pastor berrando.
Graças aos céus, minha senha foi chamada. E aquela mulher não pode concluir a historia de que sua filha de 12 anos havia desmaiado de fome na escola naquela semana. Tinha quebrado os dois dentes da frente. Mas que infelizmente não poderia leva-la ao dentista, pois ela era uma pessoa muito fiel a Deus. Negociava qualquer coisa, menos o dizimo da igreja. 
E terminou: Deus me ajuda,  não sou como muitos, que gastam o salaário todo do mês na farmacia!
Apenas respondi:  Que legal! Graças a Deus essa também não é minha realidade!
E fui embora rumo ao meu guichê, apenas ouvi de longe e baixinho:  
Como assim? Que legal minha filha quebrar os dentes...

















20 agosto, 2013

Aceita uma bala?

Sempre gostei de ouvir historias. Fossem elas verídicas ou não.
Viajo, mergulho, me entrego aos fatos, detalhes, cenários e personagens. 
Esqueço de tudo a volta qdo ouço uma historia.
Aos 30 anos posso me considerar (com muito orgulho, sim senhor) uma colecionadora de estórias. Das mais diversas, dos mais diferentes gêneros, composta dos mais variados personagens.
Há uns dois finais se semana, num fim de sábado ensolarado estive com minha amiga Talita sentada numa pracinha aqui próximo a minha casa, pra colocarmos o papo em dia e tomarmos um  sorvete. Desses encontros sagrados àqueles que têm o prazer de estar sempre juntos.
Conversa vai, conversa vem (dentre confissões mútuas, dissabores ,  planos futuros e mtas risadas) fomos abordadas por um senhor.
Aparentava mais ou menos uns oitenta e TODOS anos de vida. Se aproximou devagarinho e ofereceu-nos uma bala.
A principio desapercebida devido minha conversa e disposta a recusar tal gentileza ,  voltei meus olhos à simplicidade daquele senhor, e imediatamente arrependidíssma pela "recusa" daquela suposta gentileza, o indaguei sobre o porque dele nos oferecer  aquelas balas?
Aí chega o momento em que os deuses generosamente fazem contadores de vida, de historias cruzarem meu caminho.
Aquele senhor começou a nos explicar que era um voto que ele havia feito consigo mesmo, em gratidão por sua vida.
Sobrevivente da Terceira Guerra Mundial, e com um sotaque italiano que necessitava extrema atenção dos ouvintes, nos contara que certa vez pegou um trem errado  e que ao descer no meio do percurso com seus irmãos, ouviram  o  soar da sirene em alarde aos aviões que bombardeariam aquele local.  Tentara se esconder jogando-se num barranco enquanto seus irmãos ficara do lado de fora. Caíra num buraco e ficou ali por horas  ao perceber que fora o único a sair ileso daquele ataque.
Foi encontrado depois de horas chorando a morte de seus irmãos. Na época ele tinha  nove, dez anos.
Tendo a necessidade de dar continuidade a sua vida, apos a perda precoce de seus pais e ao ataque que ceifou a vida de seus irmãos, foi adotado por uma familia que o fez estudar  e aperfeiçoar-se na arte de talhar moveis em madeira. Trabalhou com um senhor muito rico em Veneza, e veio para o Brasil no período da imigração europeia.

Imagine minha cara após ouvir aquele senhor? Minha satisfação ao decidir aceitar aquela simples "balinha". Poderia ser tudo uma grande invenção, sinceramente a mim não me importaria se de fato fosse tudo uma grande lorota contada num banco de praça.
O que me importa na verdade é o tempo dado àquele senhor. É o sim que decidi dar aquela historia, aquele homem.
Estão ai, os maiores tesouros, os mais singelos presentes que a vida nos traz.
Confesso que me levantei dali mais leve, mais engrandecida. E por que não, mais agradecida aos bons ventos que insistem em trazer até mim pessoas que me contam estórias. Que me acrescentam a alma, que me trazem vida através das suas próprias vidas.

Ahhh, sinceramente meu desejo é que isso nunca cesse em meu caminho. Que a vida me proporcione sábados a tarde assim, despretensiosos, cheios começos, de estorias.
E que eu consiga trazer todas elas à minha vida como inspiração de aprendizagens,novos começos meios, mas nunca de fim...

12 agosto, 2013

Devaneios junguianos ...

Andamos por aí realmente tentando nos encontrar... 
Isso  não é uma mera busca, mas algo que  nos motiva a caminhar, a nos conhecer, a entender mais de nós mesmos e do outro.
O que sou? Como funciono? Quais são as características que me tornam peculiar?

No fundo todos nós queremos saber quem somos de fato.
 Quem não busca a si mesmo não sente-se “pertencer” ao todo, ao cosmo, ao eterno.
 Nesta busca pelo graal da alma, a vida nos leva as mais diversas situações e acasos. Todas estas situações e circunstancias nos ensinam e por vezes somos levados por elas sem nenhuma possibilidade de relutar contra os seu processo, como um barquinho impelido por uma enorme tempestade de ventos. 
Não, isto não é fatalismo, é apenas a consciência que o “todo” é um constante vir a ser, que segue seus ciclos de desenvolvimentos e expansão indissolúveis, independente de nossa força de querer evita-la.

Mas calma, a vida não somente uma coisa sem sentido que não podemos controlar seu fluir, por alguns momentos ela nos faz sentir a energia do seu pulsar em nossas pobres almas. 
São fagulhas apenas, mas podem dar a alma um êxtase de transcendentalidade que nos faz contemplar a beleza ímpar da eternidade, do eterno vir a ser, da morte- vida- morte.

Há aquelas sensações de prazer, de delicias, de  querer viver, arrebatamento para uma esfera onde versam só os corações que se descobrem um ao outro em um leve balancear de uma brisa soprada pelos deuses, e neste grau de desenvolvimento de consciência cósmica é sempre bom ter a companhia de uma boa alma andarilha, que percorre o mesmo caminho, mas com propósitos diferentes e peculiares.

Este “olhar para si mesmo”, para dentro de “si”, contemplando o “outro”, ao mesmo tempo em que também se descobre não no sentido narcisista do termo, mas no sentido de descer para o mais fundo de si mesmo para descobrir o que há dentro deste local   capaz de nos oferecer a possibilidade de  se sentir “viver”, de onde provem uma energia que sempre nos convence que isto é real, que a vida é pra já, é esta consciência da integração entre a nossa existência e da eternidade do universo, do seu ritmo constante de expansão, impossível de impedido, independente de nós, humanos, a vida já tem seu próprio ritmo, ela não depende do humano para seguir seu curso, e de nosso envolvimento com tudo este ritmo, saber a “parte que nos cabe neste latifúndio”.

Em alguns caos de encontros entre estes tais andarilhos, ou passageiros, ou navegantes, destes descobridores de si mesmos,  quando eles  tem um elevado grau de afinidades, de gostos, de repúdios, de filosofias, acontece um explodir de fome de vida, da afirmação da vida.
São estes tais “piscar de luzes” de prazer em se sentir vivo, de se sentir integrado ao todo, que faz a nossa jornada e o nós, andarilhos, nos sentirmos como uma só coisa. Nós somos o caminho. O caminho está em nós mesmos. Mas só podemos nos descobrir através do outro, o “outrem” é nossa referencia para sabermos a nossa localização, se estamos indo pelo caminho certo, é no outro que nós nos vemos. Somos uma bolinha de sabão que existe por um brevíssimo tempo apenas com sua leveza e cores, e que depois estoura e não se pode ser mais aquilo que se foi. “Como uma onda no mar”.

Nós  nunca estamos sozinhos nesta jornada. Nossos propósitos são peculiares e comuns ao mesmo tempo, mas além disto a simples presença de estar juntos é responsável por muitas vezes em nos levar ao estado de se sentir seguro, protegido. 
Estamos  continuamente em um estado de confidencias e descobertas, nada disto é programado, ou linear...
Como a esfinge, a vida cotidianamente nos questiona afirmativamente: “Decifra-me ou te devoro”. 

E ao nos  sentirmos desafiados, aqueles que sabem o prazer dos desafios,  aceitam e doam de si uma força supra humana. Aceitamos muitas das vezes, não só para descobrirmos, mas também para olharmos esses paradigmas desafiando-nos ao nosso eu  a descoberta  do próprio self.
Desconstruir um arquétipo é extremamente difícil, mas coisas boas acontecem quando nos dispomos em revermos conceitos cristalizados.  Aos poucos, talvez, precisamos romper com figuras destrutivas (como as da sereia) pra que comece a nascer a imagem da loba, da mulher selvagem   com toda sua seiva, e  com isso nasça os primeiros raminhos desta enorme e bela arvore que somos em nossa essência.
E assim, através do olhar externo de um ao outro, nós, olharemos cada vez mais para dentro de nós mesmos, e ao descobrir nossa alma, nos remeteremos ao encontro do universo e sua expansão indissolúvel.
Carpe Diem, mas não nos esqueçamos : Nada é pra já ...




27 julho, 2013

E com vocês, vossa santidade O PAPA

Ontem pela manhã, dia 26 de julho,  me permiti sentar diante da televisão para acompanhar algumas notícias sobre a visita do Papa ao Brasil.
Sem duvidas minha primeira impressão foi a seguinte: "Estou diante de um franciscano, inovador, ousado e do bem". 
Eu particularmente admiro mto o ministerio dos franciscanos, acho de tamanha nobreza o q pregam,  como vivem e suas obras diarias. Aliás São Francisco de Assis, é um dos santos católicos por quem tenho grande simpatia.
Dentre tantos discursos que fez até o momento, Francisco incentivou os jovens a “não desanimarem” diante da corrupção, “pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício” mencionou as vítimas de violência. Se compadeceu dizendo que “Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos”. Lembrou "das famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga."
O papa  também fez questão de se encontrar com oito jovens infratores no Palácio São Francisco, na sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Ele recebeu uma cruz de presente, com a inscrição “Candelária Nunca Mais”, em referência ao massacre da Igreja da Candelária, que completou 20 anos na semana passada.
Segundo o porta-voz do Vaticano, o pontífice ficou “emocionado” com a lembrança da chacina de oito crianças que dormiam em torno da igreja, e comentou: "Candelária, nunca mais. Violência, nunca mais, só amor". Depois, ele orou com os menores, antes de se dirigir ao balcão principal do palácio e rezar o Angelus Domini diante de 5 mil fiéis, quando destacou a importância da família.
Ufa, e a programação da vossa santidade não pára por ai. Aos 76 anos, ele apresenta disposição e simpatia por onde passa, e como ficará no Brasil até domingo, certamente haverá mais por ai.
Mas eu quero citar algo que me emocionou e ao mesmo tempo me fez refletir sobre a fé.   Enquanto Francisco passava por seu trajeto ate a Sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro, crianças eram levadas até ele para serem abençoadas. Nesse percurso um garotinho, tomado por extrema emoção o abraçou e chorou.  Chorou copiosamente, e eu tb chorei!!!
Chorei num misto de fé e lamento. Chorei por perceber a carencia daquelas pessoas pela presença de algo que reporte a bondade, a benção ao divino. O que faz aquela multidão correr atras de um lider religioso (um chefe de Estado) que por mais bondade que reporte, é um ser humano como cada um de nós?
Fiquei refletindo sobre minha trajetoria de fé. Os maiores erros e maiores arrependimentos que tenho na minha vida, advém justamente  pelo "seguir" pessoas que se reportaram a figura de Deus.
Ahhh como somos carentes...
Como nossa fé é bela e burra ao mesmo tempo...
Como somos levados por ventos de doutrinas tão perigosos e manipuláveis...
Sou uma das muitas pessoas que admiram a postura do papa Francisco. Sou uma das muitas que têm se surpreendido por sua simpatia e simplicidade. Mas a quem de fato esse homem representa?
A que historia a igreja que ele ovaciona pertence?
Emboras seus discusos sejam atentamente ouvidos pelo amor e humildade que o mesmo apregoa, Francisco ja deixou claro seus posicionamentos (que são os posicionamentos da igreja) sobre a homossexualidade, o aborto dentre outros assuntos que sabíamos que nao seria diferente. Não nos enganemos, não sejamos superficiais e ingenuos com relação a bondade demonstrada. 
Somos aquilo que acreditamos, que professamos e que abraçamos como historia.
Ao ver aquela criança chorando, lamentei atraves da emoção ingenua, as muitas "fés" que continuam a perecer por tamanha ingenuidade e ignorancia.
Faço-me semelhante aos bons que com cordialismos dizem: Ai filhinhos... (mas prossigo em meus conselhos) ... não vos iludam, a fé só é boa qdo nao toma demasiadamente o senso crítico de uma pessoa. Ela traz vida, mas também pode trazer a morte. Morte do intelecto, do senso de justiça, da igualdade e porque não da fraternidade!
Carpe diem, ou melhor, SOLI DEO GLORIA...


13 julho, 2013

Tesão Intelectual

Há alguns meses estava certa e convicta de que esse blogg conteria apenas textos sobre minhas vivencias politicas, sobre meu diagnóstico de Esclerose Múltipla e sobre outras questões como musicas, filmes, livros e coisinhas do tipo .
No entanto, cheguei a conclusão que não sou uma pessoa fragmentada  e que  esse blogg nem seria meu se nos assuntos citados acima não tivesse um "bocado de Dalila".
E esse bocado contempla juntamente com a politica, com a EM, com minhas musicas, meus filmes, meus livros, todas as  minhas descobertas, minhas reflexões, meus amigos, minhas paixões, meus gostos, dissabores e algo que denomino de TESÃO INTELECTUAL.
Não vai ter jeito... sem um pouco disso tudo, esse espaço não seria meu, e pra falar a verdade não quero que tenha jeito, sou um pouco de tudo, e esse tudo faz com que eu seja esse EU!!!
Faço das palavras de Álvaro de Campos (Heterônimo de Fernando Pessoa) minhas palavras: "Pertenço à tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio...".
Sendo assim, não cabe a mim ignorar as descobertas que atravessam meu caminho, me fascinando,  seduzindo meu intelecto e minha alma através de palavras, de trilhas sonoras, de reflexões políticas, dos assuntos sobre os céus e seus deuses e da grandeza do mundo.
Todos nós deveríamos enxergar que cada pessoa que cruza nosso caminho, tem o poder de imprimir em nossa alma o desejo pela descoberta de si próprio e do outro. Tem o dom de nos dar prazer por sua companhia, tem o cuidado de nos doar do seu tempo para falarmos e sermos ouvidos, sem nunca ter a sensação de que aquelas horas foram  nem por um minuto, o que chamamos de "tempo perdido". Tudo isso de maneira livre, sem cobranças, sem pretensões. Prazer pelo prazer, seja de rir, de chorar ou  de filosofar....
Embora eu seja uma pessoa cercada por muitas pessoas (e agradeço aos deuses por esse privilégio), tenho algumas poucas pessoas que conhecem minha alma, algumas de perto e outras de longe na qual sabem o significado de cada palavra que expresso.
É como se cada uma delas tivessem um tiquinho de mim  e eu um tiquinho delas. Não nos falamos todos os dias, nos vemos eventualmente, mas nos fazemos presentes através de cifras, versos e momentos. ( Sem contar meu "amigo mor", que dorme comigo todos os dias há quase 10 anos).
Por cada uma dessas pessoas que conhecem minha "nudez de alma", tenho uma paixão inexplicável. Pois nenhuma delas negociaram nossa amizade por mais difícil que fosse o problema que tivéssemos enfrentando durante nossa trajetória.
Chego a conclusão que o amor permanece e a paixão só é alimentada (seja em quaisquer tipos de relação) qdo há liberdade, qdo não há cobranças, quando existe espaço pra lealdade e respeito.
Nesse tempo, estou tendo o "TESÃO INTELECTUAL" de descobrir uma nova amizade. Minha sensação é como se minhas convicções, minhas ideologias, meus gostos literários, musicais transcendessem  minha matéria e transbordasse em outra pessoa.
A cada assunto que surge, a cada dia da semana celebrado com uma musica, a cada surpresa cifrada num arquivo de email,  as concordâncias discordadas,  ligações e despedidas despretensiosas pertencentes somente àqueles que possuem alma livre.  
Tenho a sensação que  possuo diante de mim mais um dos tesouros ímpares que uma "modesta sereia" costuma juntar lá do fundo do mar.  Sinto também, que tal tesouro, Tem estado a vontade , encontrando um lugar confortável dentro do  baú da modesta sereia.
Baú repleto de segredos literários, de canções de Chico Buarque, Vinícius de Mores, Marisa Monte, trechos de livros, papos políticos e reflexões existenciais.
 Quem me conhece sabe que não costumo comparar pessoas, cada uma permanece em nossa vida o tempo determinado para escrever em nosso livro um capitulo,  um trechinho da nossa historia. Quer seja um capítulo breve ou um longo capitulo, o prazer de viver intensamente nos lança em abismos sem volta.  Nos faz ler entrelinhas, sorrisos, timbres e angustias que nos encantam dia a dia.
 Estou cada vez mais convicta  que para algumas situações novas acontecerem temos que romper com situações antigas, abrir mão, lançar fora pessoas e situações que possam nos impedir de viver o novo que está bem ali, a nossa frente.
Caso contrario, o peso da bagagem se torna insustentável, negociável e nada prazeroso. 
Precisamos estar cientes que ninguém pertence a ninguém. Somos apenas possuidores de nós mesmos, da nossa integridade, da nossa lealdade para conosco e para com o próximo qdo sentimos reciprocidade. Nossa historia nos pertence hoje, amanha não sabemos a direção que os ventos irão conduzi-la, portanto, nos resta a árdua tarefa de viver como se o minuto seguinte não fosse existir.
Viver como um poeta andarilho, que carrega apenas o q necessita, e junta tesouros atípicos.
Meus tesouros também são atípicos.
Meus tesouros são meus  poucos (e raros) amigos, aqueles que decidem caminhar ao meu lado...