Tenho refletido muito sobre a coragem de se quebrar com "alianças" que sempre declaramos que fizeram parte da nossa vida.
Muitos sabem que fui (como grande maioria dos brasileiros) criada num lar tendo por princípios morais a educação cristã.
Mae católica com raiz espirita e pai batista com grande apreço ao judaísmo, tive minha formação moral firmada nesses princípios.
Fui batizada, fiz primeira comunhão , confessei meus bárbaros pecados e comunguei como uma boa mocinha no auge dos seus 11 anos de idade.
Quando atingi minha adolescência tive felicidade (ou não) de conhecer "a verdade".
Verdade essa que me ensinou muito até digamos aos meu vinte e poucos anos. (Graças aos céus foram só vinte e poucos).
A questão é que fui uma boa moça, boa dentro dos padrões que aquele âmbito social exigia que eu fosse.
Orava, dançava, pregava e julgava. Tudo em nome de deus é claro. Buscando sempre dar o melhor testemunho daquilo que professava com minhas palavras.
Há alguns anos rompi com o compromisso com instituições religiosas, que sinceramente me tiraram um peso que ouvi a vida toda que se eu carregasse, tudo ficaria mais leve.
Certo dia um taxista amigo próximo da família, me questionou ousadamente(como faz todo crente) se o fato de eu nao professar mais nenhuma forma de religião, era devido ao meu diagnostico de Esclerose Múltipla?
Eu sorri e disse que graças aos céus meu descontentamento e minhas conclusões haviam chegado ate mim, antes mesmo da doença.
Não contente, e cheio de verdade divina, ( cá entre nós, também tipico dos fiéis a pregação do evangelho), me questionou se eu nao temia ser a mão de deus pesando sobre mim com aquela doença, devido a minha decisão de nao frequentar mais a igreja?
Novamente, eu tive que sorrir e responder que se estivéssemos tratando do mesmo deus, poderia ser que sim.
Afinal Jó era justo e perdeu tudo. Abraão teve sua fé provada ao ponto de ter que se dispor em matar o próprio e único filho Isaac. Criancinhas inocentes foram mortas com enxofre do céu lá em Sodoma e Gomorra, e se nao bastasse a mulher de Ló virou uma estatua de sal por um momento de curiosidade em saber o que se passava as suas costas, e que gritos eram aqueles, porque tantas crianças choravam como se estivessem sendo queimadas vivas?
Se o proprio criador do ceu e da terra havia matado um montão de gente numa chuva lascada q não parava mais. Quem era euzinha pra estar de fora dessa ira toda?
Mas na verdade respondi que acreditava que não. Afinal esse não e o deus que eu creio.
Observando alguns comentários que tenho ouvido e refletindo sobre algumas posturas, fico pensando como as coisas mudam...
Ironicamente ou não, "graças a deus" que mudam.
Novas prioridades estabelecem-se na vida das pessoas, dando-as a oportunidade de romper, de serem livres e de priorizarem aquilo que de fato seus corações sempre estiveram desejosos.
Nao julgo nem estabeleço juizo sobre a profissao de fé de ninguem. Assim como não aceito opinioes sobre minhas condutas atuais.
Cada um sabe de si. Sabe o alivio que é e o prazer que se tem de não se sentir incluso em determinados discursos, chavões e conceitos.
Puramente pessoal e subjetivo, é o caminhar do individuo de acordo com aquilo que seu coração teve por tempos medo de traçar.
Estou tão feliz, por saber que na minha fraqueza, sinto a presença do sobrenatural que me assiste e me sustenta. Nao porque sou eleita, nem tampouco merecedora.
Não pq meu credo é melhor ou mais verdadeiro do que dos demais. Não porque minha vida de santidade é irrepreensível, nem tampouco pq minha oração alcança o coração de deus movendo suas mãos em meu favor.
Mas porque desejo e respeito meu próximo como a extensão divina daquilo que também se manifesta em mim.
Sem verdades únicas, mas com o respeito fundamental pra se exercer qualquer discurso que tenha por base o amor.
Boa semana!
Bons ventos para nós!
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