Questão de pele... (minhas tatoos)

13 julho, 2013

Tesão Intelectual

Há alguns meses estava certa e convicta de que esse blogg conteria apenas textos sobre minhas vivencias politicas, sobre meu diagnóstico de Esclerose Múltipla e sobre outras questões como musicas, filmes, livros e coisinhas do tipo .
No entanto, cheguei a conclusão que não sou uma pessoa fragmentada  e que  esse blogg nem seria meu se nos assuntos citados acima não tivesse um "bocado de Dalila".
E esse bocado contempla juntamente com a politica, com a EM, com minhas musicas, meus filmes, meus livros, todas as  minhas descobertas, minhas reflexões, meus amigos, minhas paixões, meus gostos, dissabores e algo que denomino de TESÃO INTELECTUAL.
Não vai ter jeito... sem um pouco disso tudo, esse espaço não seria meu, e pra falar a verdade não quero que tenha jeito, sou um pouco de tudo, e esse tudo faz com que eu seja esse EU!!!
Faço das palavras de Álvaro de Campos (Heterônimo de Fernando Pessoa) minhas palavras: "Pertenço à tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio...".
Sendo assim, não cabe a mim ignorar as descobertas que atravessam meu caminho, me fascinando,  seduzindo meu intelecto e minha alma através de palavras, de trilhas sonoras, de reflexões políticas, dos assuntos sobre os céus e seus deuses e da grandeza do mundo.
Todos nós deveríamos enxergar que cada pessoa que cruza nosso caminho, tem o poder de imprimir em nossa alma o desejo pela descoberta de si próprio e do outro. Tem o dom de nos dar prazer por sua companhia, tem o cuidado de nos doar do seu tempo para falarmos e sermos ouvidos, sem nunca ter a sensação de que aquelas horas foram  nem por um minuto, o que chamamos de "tempo perdido". Tudo isso de maneira livre, sem cobranças, sem pretensões. Prazer pelo prazer, seja de rir, de chorar ou  de filosofar....
Embora eu seja uma pessoa cercada por muitas pessoas (e agradeço aos deuses por esse privilégio), tenho algumas poucas pessoas que conhecem minha alma, algumas de perto e outras de longe na qual sabem o significado de cada palavra que expresso.
É como se cada uma delas tivessem um tiquinho de mim  e eu um tiquinho delas. Não nos falamos todos os dias, nos vemos eventualmente, mas nos fazemos presentes através de cifras, versos e momentos. ( Sem contar meu "amigo mor", que dorme comigo todos os dias há quase 10 anos).
Por cada uma dessas pessoas que conhecem minha "nudez de alma", tenho uma paixão inexplicável. Pois nenhuma delas negociaram nossa amizade por mais difícil que fosse o problema que tivéssemos enfrentando durante nossa trajetória.
Chego a conclusão que o amor permanece e a paixão só é alimentada (seja em quaisquer tipos de relação) qdo há liberdade, qdo não há cobranças, quando existe espaço pra lealdade e respeito.
Nesse tempo, estou tendo o "TESÃO INTELECTUAL" de descobrir uma nova amizade. Minha sensação é como se minhas convicções, minhas ideologias, meus gostos literários, musicais transcendessem  minha matéria e transbordasse em outra pessoa.
A cada assunto que surge, a cada dia da semana celebrado com uma musica, a cada surpresa cifrada num arquivo de email,  as concordâncias discordadas,  ligações e despedidas despretensiosas pertencentes somente àqueles que possuem alma livre.  
Tenho a sensação que  possuo diante de mim mais um dos tesouros ímpares que uma "modesta sereia" costuma juntar lá do fundo do mar.  Sinto também, que tal tesouro, Tem estado a vontade , encontrando um lugar confortável dentro do  baú da modesta sereia.
Baú repleto de segredos literários, de canções de Chico Buarque, Vinícius de Mores, Marisa Monte, trechos de livros, papos políticos e reflexões existenciais.
 Quem me conhece sabe que não costumo comparar pessoas, cada uma permanece em nossa vida o tempo determinado para escrever em nosso livro um capitulo,  um trechinho da nossa historia. Quer seja um capítulo breve ou um longo capitulo, o prazer de viver intensamente nos lança em abismos sem volta.  Nos faz ler entrelinhas, sorrisos, timbres e angustias que nos encantam dia a dia.
 Estou cada vez mais convicta  que para algumas situações novas acontecerem temos que romper com situações antigas, abrir mão, lançar fora pessoas e situações que possam nos impedir de viver o novo que está bem ali, a nossa frente.
Caso contrario, o peso da bagagem se torna insustentável, negociável e nada prazeroso. 
Precisamos estar cientes que ninguém pertence a ninguém. Somos apenas possuidores de nós mesmos, da nossa integridade, da nossa lealdade para conosco e para com o próximo qdo sentimos reciprocidade. Nossa historia nos pertence hoje, amanha não sabemos a direção que os ventos irão conduzi-la, portanto, nos resta a árdua tarefa de viver como se o minuto seguinte não fosse existir.
Viver como um poeta andarilho, que carrega apenas o q necessita, e junta tesouros atípicos.
Meus tesouros também são atípicos.
Meus tesouros são meus  poucos (e raros) amigos, aqueles que decidem caminhar ao meu lado...


4 comentários:

Michela disse...

Dázinha, como sempre bacana demais as suas colocações.
Acredito muito que cada pessoa é única, ninguém é de ninguém, mas o que mais me fascina é saber que pessoas afins gostam de poder estar juntas. Seja de onde for, sinto-me unida a vc. Estranha e gostosa demais essa ligação que tenho com poucas pessoas e você é uma delas, mana. Amo-te.

CICLONE disse...

Oi Dá...
Por experiência própria posso afirmar que só os que escrevem, sabem o quão difícil é catalisar as ideias em textos sem divagar ou ser perder-se na prolixidade.
Se é tão complicado escrever imagine então desnudar-se nesses textos sem ser vulgar ou intempestivo, e você foi muito feliz nesse processo.
Quando você cita as pessoas que pontuaram momentos memoráveis de sua vida me lembra Gibran: ”Toda vez que venho à fonte para beber, encontro a própria água sedenta; e ela me bebe enquanto a bebo.”
Às vezes faço essas imersões, mas o que encontro é tão plúmbeo que descolore minha aquarela e como não tenho a competência de Pessoa eu deixo em secreto.
“Lembro-me de quando era criança e via,
Como hoje não posso ver,
A manhã raiar sobre a cidade.
Ela não raiava para mim
Mas para a vida
Porque então eu, (não sendo consciente)
eu era a vida.
E via a manhã e tinha alegria
Hoje vejo a manhã, tenho alegria
e fico triste.
Eu vejo como via,
mas por trás dos olhos, vejo-me vendo.
E só com isso, se me obscurece o sol,
o verde das árvores é velho,
e as flores murcham antes de aparecidas."
Dalila uma fonte inesgotável de força e acreditar em si mesmo, e ter objetivos e busca-los, enfrentar as “marés” contrárias e vencê-las, nesse decurso é sempre bom lembrar o Santo de Hipona: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”
Temos muito em comum somos adeptos da objeção, do desvio, preferimos a desconfiança alegre, gostamos de troçar e tudo isso é sinal de saúde. Nietzsche já dizia: “... o que é absoluto pertence à patologia.”
Continue a ser essa pessoa que se encontrou, que hoje é reflexo facto de seus desejos e pensamentos e que as Forças do Universo continuem a te iluminar.

disse...

Qta honra pra mim tê-lo mais uma vez em meu espaço meu CARO (no sentido literal). Amizade q nasceu do acaso? Dos ventos? De Deus , do destino ou do Universo como diz vc mesmo!
Não sabemos, e na verdade não mais importa. O importante é que vc é em minha vida.
E mesmo longe, continua sendo.
E assim espero que sejamos por mto e mto tempo...
Saudades dos seus versos, versos que sempre falaram à minha alma e ao meu coração...
Vc continua com o dom da palavra, o dom de emocionar-me mesmo a tantos quilômetros de distancia. Como vc mesmo diz: "Antes a saudade que nada!"
A minha amiga Valéria que tanto admiro e respeito me perdoe, mas vc esta dentre as pouquissimas pessoas que me causam "TESÃO INTELECTUAL".
Bjo meu amigo, amo vc e sua família.

Marcello Juris disse...

Mr. Catra, lek lek, sertanejo universitário.... hoje em dia é tempos de falta de apetite intelectual ! Ainda bem que espaços como este dão esperança a novos tempos !!!