Ainda refletindo para uma coesa opinião pessoal , não sobre a relevância, mas sim sobre a maneira com que tais mulheres reivindicam seu espaço na sociedade. Não quero estabelecer (ainda) opiniões próprias sobre tal assunto. Tenho pesquisado e me informado sobre a historia desse movimento, antes de abraçar mais essa causa.Contudo, abro meu blogg, para que seja mais um veiculo de propagação e de informação sobre esse manifesto. Que possamos nos abster de preconceitos e moralismos culturais ou religiosos, para analisarmos de fato a importância (ou não) desta marcha.
De modo bem sucinto, aqui esta um pouquinho da origem desse manifesto, assim como algumas fotos da um tanto polêmica: Marcha das Vadias.
A Marcha das Vadias ou Marcha das Vagabundas (em inglês: slutwalk) iniciou-se em 3 de abril de 2011 em Toronto no Canadá e desde então tornou-se um movimento internacional realizado por diversas pessoas em todo o mundo.A Marcha das Vadias protesta contra a crença de que as mulheres que são vítimas de estupro pediram isso devido as suas vestimentas. As mulheres durante a marcha usam roupas provocantes: como blusinhas transparentes, lingerie, saias, salto alto ou apenas o sutiã.
Em janeiro de 2011, ocorreram diversos casos de abuso sexual em mulheres na Universidade de Toronto. Dai então o policial Michael Sanguinetti fez uma observação para que "as mulheres evitassem se vestirem como putas, para não serem vítimas".
O primeiro protesto levou 3000 pessoas às ruas de Toronto.
Já ocorreu em Toronto, Los Angeles e Chicago, Buenos Aires e Amsterdã,dentre outros lugares.
No Brasil já ocorreu em São Paulo, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Pelotas entre outras.
A primeira Marcha das Vadias no Brasil ocorreu em São Paulo em 4 de junho de 2011, organizada pela publicitária curitibana Madô Lopez.
Após o anúncio do evento com a criação de uma página no Facebook, mais de 6000 pessoas confirmaram presença no evento. No entanto, diferentemente das versões em outros países, somente cerca de 300 pessoas compareceram, de acordo com a contagem da Polícia Militar.
Neste mesmo ano iniciou-se a manifestação no Recife e Brasília.
De acordo com a antropóloga Julia Zamboni, o movimento é feito por feministas que buscam a igualdade de gênero. “Ser chamada de vadia é uma condição machista. Os homens dizem que a gente é vadia quando dizemos 'sim' para eles e também quando dizemos 'não'”, afirmou.“A gente é vadia porque a gente é livre”, destacou.
No Brasil, a marcha também chama atenção para o número de estupros ocorridos no país. Por ano, cerca de 15 mil mulheres são estupradas.
Na véspera da marcha brasileira, em entrevista à Revista O Grito!, Solange De-Ré contou sobre suas ideias e, claro, sobre a Marcha das Vadias.
“Vadia” não é uma palavra muito forte?
É. Mas queríamos traduzir a SlutWalk para o português. Quisemos ir a fundo no sentido e utilizar a palavra que mais tinha a ver com o nosso idioma e representava o que muitos brasileiros acham das mulheres que se vestem de forma mais provocante: umas vagabundas acéfalas.
Quais as principais ideias que a Marcha defende?
Defende que a mulher, independente de como se veste, merece respeito. Devemos acabar com essa cultura da violência à mulher, da culpa pelo estupro. E também a opressão. As pessoas ficam inibindo as outras por causa do preconceito. Se, por exemplo, uma guria usa um vestido mais colado e a outra já sente ciúme do namorado e chama de vadia. Temos de repensar isso. Reconsiderar os nossos julgamentos, até para mudar nossa postura. Só temos de respeitar, aí, o limite do atentado ao pudor [risos].
Como você definiria a Marcha das Vadias?
Não é reality show nem carnaval. Organizamos a marcha para debater o machismo que atinge a sociedade brasileira e algo por qual toda mulher brasileira já passou: uma piada ou o preconceito por mostrar mais do seu corpo. Não é como no Canadá, em que o policial foi lá e disse o conceito de mulher estuprável. Aqui esses conceitos acontecem todo dia, dentro da nossa cabeça. Nós [as organizadoras] já discutíamos essas questões, pois sofremos com discriminação com as nossas roupas desde sempre. A Marcha foi uma oportunidade de colocar no mundo o que conversamos entre nós. Quando uma mulher usa uma roupa mais colada, vêm logo os comentários, e isso acontece muito, todo dia. Até parece que é a roupa que faz o estupro. Não é assim. O estupro vem da psicologia do estuprador. Independente da roupa, ele quer ver a mulher humilhada, sentindo dor e horror.
Você acha que a Marcha apenas pegou carona na onda de outras manifestações?
Acredito que ela veio pela vontade de levantar poeira, pela necessidade de ir à rua. Nossas origens [os três são do Sul] também contam muito. Vemos muitos exemplos legais na história da nossa região. Acho que temos essa garra de lutar pelo que não concordamos e pelo que está errado. Minha estadia recente no Chile também influenciou muito a criar o movimento. Lá, eles vão para a rua protestar, nem que sejam 20 pessoas. Não é à toa que tem a cidade limpa e bem menos corrupção — e eles se orgulham disso. Aqui, a Marcha das Vadias veio para falar de como os homens enxergam as mulheres, e de como as mulheres enxergam as próprias mulheres: com machismo e muito preconceito.
Existe algum caso que você destaque aqui no Brasil ou um exemplo mais pessoal de machismo?
O caso Geisy é o mais marcante no Brasil. Até perguntaram se essa marcha não tem a ver com ela, mas não. Até seria legal se ela participasse, pois a Geisy passou exatamente por isso. Fizeram todo aquele movimento por um vestido curto na faculdade. De caso mais pessoal, vemos exemplos todos os dias. Eu destacaria uma vez em que um cara deu uma investida pesada em mim. Sou escritora, blogueira, atriz e já posei nua. Justamente por eu ser cabeça aberta e ter mostrado o corpo ele forçou a barra, dizendo que só porque eu me expus eu deveria dar para ele. Também posso citar minha própria família: o tratamento da mulher é diferente. Fui criada no Paraguai, onde nasci, tenho pais de cabeça aberta que criaram minhas duas irmãs e os meus três irmãos. E imagina, até nela tinham diferenças de tratamento. Os meninos tinham mais liberdade que as meninas. Mamãe dizia que a mulher devia se conter mais e parecer qualificada, mesmo que os homens que arrumássemos não fossem tão “qualificados” assim.
O que seria ser qualificada? O oposto da vadia?
Ser virgem, ser comportada. É aquela regra que costumamos brincar, a regra de três. Você tem que dizer que só ficou com três caras na vida: o primeiro foi um namorado de muitos anos, com quem foi quase casada; o segundo foi um cafajeste e o terceiro foi aquele para quem você está conhecendo agora.
Vocês receberam muito apoio? E críticas?
Até agora, temos recebido mais críticas positivas que negativas. Mas um protesto assim vai ser mal recebido entre os liberais e mais ainda por conservadores. Para mim, feio mesmo é a corrupção, as coisas do nosso país que não funcionam. Não se mostrar e protestar nas ruas.
Uma dúvida que muitos colocaram no Facebook é “com que roupa eu vou?”. Alguém chegou a dizer que vai nu ou algo do tipo?
Teve gente que disse que vai na Marcha de roupão, para abrir lá. Assim é demais. O Brasil gosta de levar as coisas com humor, o que é bom, mas temos a tendência de tudo virar carnaval. E essa marcha não é um cabaré ou uma piada do Casseta & Planeta. É uma manifestação política que tem significado. Vivemos em uma Hollywood Tupiniquim, onde aparecer e tornar-se artista é melhor do que fazer alguma coisa que traga mudanças. Salvo algumas exceções, a maioria das pessoas prefere aparecer a agir de forma política. Eu, por exemplo, ia de camiseta, pensei em várias fantasias… mas eu decidir ir mesmo é de Solange. Roupa curta, decote, coladinha.
Entrevista feita aqui em julho de 2011.
Algumas fotos:
2 comentários:
REALMENTE O "PRE-CONCEITO" QUE AS PESSOAS FAZEM UM DOS OUTROS É COMPLICADO MESMO. MUITAS VEZES PELA FORMA COMO SE VESTE OU AGE FAZ COM QUE AS PESSOAS "ROTULEM" SEM AO MENOS CONHECER A PESSOA .. SIMPLESMENTE FALAM O QUE PENSAM!
NÃO CONHECIA ESTA MARCHA E ACHEI REALMENTE INTERESSANTE. VEJA AQUELE CASO DA MARROQUINA DE 16 ANOS QUE SE MATOU POR TER SIDO FORÇADA A CASAR COM O ESTUPRADOR ... SIMPLESMENTE SEM COMENTÁRIOS!!! SIMPLESMENTE PARA "PRESERVAR A HONRA" DA FAMÍLIA ... PELO AMOR DE DEUS!!! VAI DIZER QUE LÁ NO MARROCOS ELAS MOSTRAM O CORPO?!?! ESSES MONSTROS NÃO FAZEM ISSO PELA FORMA COMO AS MULHERES SE VESTEM ... PORQUE POR ALGUM MOTIVO AQUELAS MULHERES O CHAMOU ATENÇÃO E SIMPLESMENTE POR TUAS MENTE DOENTIA RESOLVEU FAZER ... VAMOS ABRIR A MENTE, NÉ!?!??!
Quero muito abrir a cabeça!!! Quero muito não ser moralista!!! Quero ser livre!!! Quero que todas nós sejamos livres!!! Mas tenho dúvidas... Quero que a Amélia lá do cafundó se sinta parte desse grupo de mulheres livres. Será que ela se sente? Será que somos tão livres para reivindicar "a liberdade da nossa buceta?" Será que ao afirmarmos isso estamos sendo solidárias umas com as outras, ou individualistas? Mas se somos livres, podemos ser individualistas!!! Mas quero ser individualista, ou quero ser solidária à Amélia do cafundó??? Cadê a Amélia do canfundó???? O que é liberdade para mim, Patrícia, o que é liberdade para Amélia? Patrícias vadias, Amélias livres?
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