Questão de pele... (minhas tatoos)

06 maio, 2012

Marcha das Vadias


Ainda refletindo para uma coesa opinião pessoal , não sobre a relevância, mas sim sobre a maneira com que tais mulheres reivindicam seu espaço na sociedade. Não quero estabelecer (ainda) opiniões próprias sobre tal assunto. Tenho pesquisado e me informado sobre a historia desse movimento, antes de abraçar mais essa causa.Contudo, abro meu blogg, para que seja mais um veiculo de propagação e de informação sobre esse manifesto. Que possamos nos abster de preconceitos e moralismos culturais ou religiosos, para analisarmos de fato a importância (ou não) desta marcha.
De modo bem sucinto, aqui esta um pouquinho da origem desse manifesto, assim como algumas fotos da um tanto polêmica: Marcha das Vadias.


A Marcha das Vadias ou Marcha das Vagabundas (em inglês: slutwalk) iniciou-se em 3 de abril de 2011 em Toronto no Canadá e desde então tornou-se um movimento internacional realizado por diversas pessoas em todo o mundo.A Marcha das Vadias protesta contra a crença de que as mulheres que são vítimas de estupro pediram isso devido as suas vestimentas. As mulheres durante a marcha usam roupas provocantes: como blusinhas transparentes, lingerie, saias, salto alto ou apenas o sutiã.
Em janeiro de 2011, ocorreram diversos casos de abuso sexual em mulheres na Universidade de Toronto. Dai então o policial Michael Sanguinetti fez uma observação para que "as mulheres evitassem se vestirem como putas, para não serem vítimas".
O primeiro protesto levou 3000 pessoas às ruas de Toronto.
Já ocorreu em Toronto, Los Angeles e Chicago, Buenos Aires e Amsterdã,dentre outros lugares.
No Brasil já ocorreu em São Paulo, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Pelotas entre outras.
A primeira Marcha das Vadias no Brasil ocorreu em São Paulo em 4 de junho de 2011, organizada pela publicitária curitibana Madô Lopez. 
Após o anúncio do evento com a criação de uma página no Facebook, mais de 6000 pessoas confirmaram presença no evento. No entanto, diferentemente das versões em outros países, somente cerca de 300 pessoas compareceram, de acordo com a contagem da Polícia Militar.
Neste mesmo ano iniciou-se a manifestação no Recife e Brasília. 

De acordo com a antropóloga Julia Zamboni, o movimento é feito por feministas que buscam a igualdade de gênero. “Ser chamada de vadia é uma condição machista. Os homens dizem que a gente é vadia quando dizemos 'sim' para eles e também quando dizemos 'não'”, afirmou.“A gente é vadia porque a gente é livre”, destacou.
No Brasil, a marcha também chama atenção para o número de estupros ocorridos no país. Por ano, cerca de 15 mil mulheres são estupradas.







Na vés­pera da mar­cha bra­si­leira, em entre­vista à Revista O Grito!, Solange De-Ré con­tou sobre suas ideias e, claro, sobre a Marcha das Vadias.


“Vadia” não é uma pala­vra muito forte?
É. Mas que­ría­mos tra­du­zir a SlutWalk para o por­tu­guês. Quisemos ir a fundo no sen­tido e uti­li­zar a pala­vra que mais tinha a ver com o nosso idi­oma e repre­sen­tava o que mui­tos bra­si­lei­ros acham das mulhe­res que se ves­tem de forma mais pro­vo­cante: umas vaga­bun­das acéfalas.




Quais as prin­ci­pais ideias que a Marcha defende?


Defende que a mulher, inde­pen­dente de como se veste, merece res­peito. Devemos aca­bar com essa cul­tura da vio­lên­cia à mulher, da culpa pelo estu­pro. E tam­bém a opres­são. As pes­soas ficam ini­bindo as outras por causa do pre­con­ceito. Se, por exem­plo, uma guria usa um ves­tido mais colado e a outra já sente ciúme do namo­rado e chama de vadia. Temos de repen­sar isso. Reconsiderar os nos­sos jul­ga­men­tos, até para mudar nossa pos­tura. Só temos de res­pei­tar, aí, o limite do aten­tado ao pudor [risos].


Como você defi­ni­ria a Marcha das Vadias?
Não é rea­lity show nem car­na­val. Organizamos a mar­cha para deba­ter o machismo que atinge a soci­e­dade bra­si­leira e algo por qual toda mulher bra­si­leira já pas­sou: uma piada ou o pre­con­ceito por mos­trar mais do seu corpo. Não é como no Canadá, em que o poli­cial foi lá e disse o con­ceito de mulher estu­prá­vel. Aqui esses con­cei­tos acon­te­cem todo dia, den­tro da nossa cabeça. Nós [as orga­ni­za­do­ras] já dis­cu­tía­mos essas ques­tões, pois sofre­mos com dis­cri­mi­na­ção com as nos­sas rou­pas desde sem­pre. A Marcha foi uma opor­tu­ni­dade de colo­car no mundo o que con­ver­sa­mos entre nós. Quando uma mulher usa uma roupa mais colada, vêm logo os comen­tá­rios, e isso acon­tece muito, todo dia. Até parece que é a roupa que faz o estu­pro. Não é assim. O estu­pro vem da psi­co­lo­gia do estu­pra­dor. Independente da roupa, ele quer ver a mulher humi­lhada, sen­tindo dor e horror.
Você acha que a Marcha ape­nas pegou carona na onda de outras mani­fes­ta­ções?
Acredito que ela veio pela von­tade de levan­tar poeira, pela neces­si­dade de ir à rua. Nossas ori­gens [os três são do Sul] tam­bém con­tam muito. Vemos mui­tos exem­plos legais na his­tó­ria da nossa região. Acho que temos essa garra de lutar pelo que não con­cor­da­mos e pelo que está errado. Minha esta­dia recente no Chile tam­bém influ­en­ciou muito a criar o movi­mento. Lá, eles vão para a rua pro­tes­tar, nem que sejam 20 pes­soas. Não é à toa que tem a cidade limpa e bem menos cor­rup­ção — e eles se orgu­lham disso. Aqui, a Marcha das Vadias veio para falar de como os homens enxer­gam as mulhe­res, e de como as mulhe­res enxer­gam as pró­prias mulhe­res: com machismo e muito preconceito.


Existe algum caso que você des­ta­que aqui no Brasil ou um exem­plo mais pes­soal de machismo?
O caso Geisy é o mais mar­cante no Brasil. Até per­gun­ta­ram se essa mar­cha não tem a ver com ela, mas não. Até seria legal se ela par­ti­ci­passe, pois a Geisy pas­sou exa­ta­mente por isso. Fizeram todo aquele movi­mento por um ves­tido curto na facul­dade. De caso mais pes­soal, vemos exem­plos todos os dias. Eu des­ta­ca­ria uma vez em que um cara deu uma inves­tida pesada em mim. Sou escri­tora, blo­gueira, atriz e já posei nua. Justamente por eu ser cabeça aberta e ter mos­trado o corpo ele for­çou a barra, dizendo que só por­que eu me expus eu deve­ria dar para ele. Também posso citar minha pró­pria famí­lia: o tra­ta­mento da mulher é dife­rente. Fui cri­ada no Paraguai, onde nasci, tenho pais de cabeça aberta que cri­a­ram minhas duas irmãs e os meus três irmãos. E ima­gina, até nela tinham dife­ren­ças de tra­ta­mento. Os meni­nos tinham mais liber­dade que as meni­nas. Mamãe dizia que a mulher devia se con­ter mais e pare­cer qua­li­fi­cada, mesmo que os homens que arru­más­se­mos não fos­sem tão “qua­li­fi­ca­dos” assim.


O que seria ser qua­li­fi­cada? O oposto da vadia?
Ser vir­gem, ser com­por­tada. É aquela regra que cos­tu­ma­mos brin­car, a regra de três. Você tem que dizer que só ficou com três caras na vida: o pri­meiro foi um namo­rado de mui­tos anos, com quem foi quase casada; o segundo foi um cafa­jeste e o ter­ceiro foi aquele para quem você está conhe­cendo agora.


Vocês rece­be­ram muito apoio? E crí­ti­cas?
Até agora, temos rece­bido mais crí­ti­cas posi­ti­vas que nega­ti­vas. Mas um pro­testo assim vai ser mal rece­bido entre os libe­rais e mais ainda por con­ser­va­do­res. Para mim, feio mesmo é a cor­rup­ção, as coi­sas do nosso país que não fun­ci­o­nam. Não se mos­trar e pro­tes­tar nas ruas.


Uma dúvida que mui­tos colo­ca­ram no Facebook é “com que roupa eu vou?”. Alguém che­gou a dizer que vai nu ou algo do tipo?
Teve gente que disse que vai na Marcha de rou­pão, para abrir lá. Assim é demais. O Brasil gosta de levar as coi­sas com humor, o que é bom, mas temos a ten­dên­cia de tudo virar car­na­val. E essa mar­cha não é um cabaré ou uma piada do Casseta & Planeta. É uma mani­fes­ta­ção polí­tica que tem sig­ni­fi­cado. Vivemos em uma Hollywood Tupiniquim, onde apa­re­cer e tornar-se artista é melhor do que fazer alguma coisa que traga mudan­ças. Salvo algu­mas exce­ções, a mai­o­ria das pes­soas pre­fere apa­re­cer a agir de forma política. Eu, por exem­plo, ia de cami­seta, pen­sei em várias fan­ta­sias… mas eu deci­dir ir mesmo é de Solange. Roupa curta, decote, coladinha.


Entrevista feita aqui em julho de 2011.




Algumas fotos:











2 comentários:

A Esclerosada disse...

REALMENTE O "PRE-CONCEITO" QUE AS PESSOAS FAZEM UM DOS OUTROS É COMPLICADO MESMO. MUITAS VEZES PELA FORMA COMO SE VESTE OU AGE FAZ COM QUE AS PESSOAS "ROTULEM" SEM AO MENOS CONHECER A PESSOA .. SIMPLESMENTE FALAM O QUE PENSAM!
NÃO CONHECIA ESTA MARCHA E ACHEI REALMENTE INTERESSANTE. VEJA AQUELE CASO DA MARROQUINA DE 16 ANOS QUE SE MATOU POR TER SIDO FORÇADA A CASAR COM O ESTUPRADOR ... SIMPLESMENTE SEM COMENTÁRIOS!!! SIMPLESMENTE PARA "PRESERVAR A HONRA" DA FAMÍLIA ... PELO AMOR DE DEUS!!! VAI DIZER QUE LÁ NO MARROCOS ELAS MOSTRAM O CORPO?!?! ESSES MONSTROS NÃO FAZEM ISSO PELA FORMA COMO AS MULHERES SE VESTEM ... PORQUE POR ALGUM MOTIVO AQUELAS MULHERES O CHAMOU ATENÇÃO E SIMPLESMENTE POR TUAS MENTE DOENTIA RESOLVEU FAZER ... VAMOS ABRIR A MENTE, NÉ!?!??!

Anônimo disse...

Quero muito abrir a cabeça!!! Quero muito não ser moralista!!! Quero ser livre!!! Quero que todas nós sejamos livres!!! Mas tenho dúvidas... Quero que a Amélia lá do cafundó se sinta parte desse grupo de mulheres livres. Será que ela se sente? Será que somos tão livres para reivindicar "a liberdade da nossa buceta?" Será que ao afirmarmos isso estamos sendo solidárias umas com as outras, ou individualistas? Mas se somos livres, podemos ser individualistas!!! Mas quero ser individualista, ou quero ser solidária à Amélia do cafundó??? Cadê a Amélia do canfundó???? O que é liberdade para mim, Patrícia, o que é liberdade para Amélia? Patrícias vadias, Amélias livres?