Questão de pele... (minhas tatoos)

30 junho, 2012

Chegadas e Partidas

Ha alguns dias não escrevo sobre minhas reflexões mirabolantes. Minhas aventuras insanas e minhas ousadias um tanto desmedidas.
Ontem estava vendo um programa na GNT chamado "Chegadas e Partidas" com Astrid Fontenelli.  
Desde a abertura do programa ate seu término eu viajei naquelas estorias de aeroportos. Na ansiedade, na espera nos encontros e reencontros de pessoas que por pura emoção estavam ali  a espera de alguém.
Recordei cenas ja vividas por mim mesma, e grande foi a minha surpresa quando gargalhei ao me  ver no contexto que recordava.
Existem coisas que acontecem na vida da gente como permissões pessoais que nos fazem provar pra nós mesmos que ainda somos capazes de algumas coisas.
Diante das minhas ponderações, comecei a conversar com o William sobre algumas ousadias que hoje olho para trás e simplesmente rio da bobagem e da falta de significância que determinados episódios têm hoje em minha vida, mas que na época foram cruciais.
Sinceramente, distanciando o olhar para algumas posturas que tive no inicio do meu diagnostico de Esclerose Múltipla, vejo que "usei" pessoas para provar pra mim mesma que descobertas, ousadias e recomeços ainda eram possíveis à uma esclerosada.
Claro que nao descarto as coisas que vivi, e que tenho carinho pelas  pessoas que de alguma forma fizeram parte da minha historia  naquele meu contexto de que SOU CAPAZ. 
Mas qdo olho pra tras, percebo o quanto eu fui impetuosa e porque não egoísta  em olhar a superficialidade de sentimentos que nutri por algumas pessoas que sinceramente  não fazem a menor diferença hoje pra mim. Pessoas que acreditei que estariam pra sempre em minha vida, mesmo  estando ciente que o pra sempre não existe!
No programa de ontem ouvi o relato de uma moça que estava ha quatro anos em Nova York à trabalho.  Se mudou pra lá após ter perdido um noivo com câncer no pulmão, as vésperas do casamento.
Sua família estava ansiosa a aguardando no aeroporto pois ela havia retornado ao Brasil a passeio e ficaria por alguns dias. 
Para a surpresa de todos, ela nao estava voltando sozinha, alem do marido, um italiano que havia conhecido nos Estados Unidos, estava também acompanhada do seu bebezinho de alguns meses de vida.
Ao ver o trajeto da vida daquela moça fiquei pensando que nossa vida é feita mesmo de chegadas e partidas.
Pessoas entram e saem das nossas vidas, deixando ou não estorias relevantes, engraçadas, tristes e porque não hilarias. Hoje com meu alto grau de desapego (GRAÇAS AOS DEUSES), analiso alguns distanciamentos e percebo que tais pessoas aconteceram em minha vida apenas porque precisavam acontecer naquele momento e nada mais, nada além.
Muitas vezes, episódios de tristezas, nos impulsiona a viver novos capítulos, que só mais tarde saberemos em qual gênero eles estarão classificados.
Pessoas que outrora imaginávamos que estariam "forever" em nossas vidas, vemos que alem de não fazerem a menor falta,  nos lembramos com o mero desejo de que sejam felizes como você esta sendo em coisas banais, situações cotidianas.
A vida é mesmo muito engraçada! 
E o desapego é mesmo o segredo para que tenhamos uma alma livre, sem cadeias, sem remorsos e sem pesares.
Desejo muito ainda viver inúmeras chegadas, que inevitavelmente acarretarão em outras tantas partidas.
Mas pra mim hoje o que  de fato importa são os aprendizados que cada viagem, cada parada e cada capitulo pode me ensinar. 
E que eu pude de fato aprender com pessoas que chegaram, ficaram ou se foram....








Um comentário:

Marcello Juris disse...

Nossa posição epistemológica cartesiana nos faz perceber a sucessão da vida e seu processo como uma coelação de chegadas e partidas.

Mas quem sabe assim enxergamos pq ainda não chegamos ao nosso local permanente. Estamos ainda no caminho e passamos pelos outros como os motoristas dos outros veículos passam por nós na estrada. Alguns passam voando, outros nos acompanham por mais tempo, alguns até acenam e buzinam.

A embrionária quântica aponta um universo incompreendido pela razão, onde um instante pode conter em si mesmo, por alguma equação matemática inatingível ao homem, toda a eternidade.

E quantas vezes partimos para longe de nós mesmos, de nossos ideais maiores, de nosso eu profundo e somos tragados pela pasteurização do senso comum.

Sem contar que ao fim de cada experiência terrena estamos partindo, mas tb chegando sob uma nova identidade para recomeçar essa fantástica viagem.