Questão de pele... (minhas tatoos)

30 abril, 2013

Gostos


Depois de uma conversa super banal e divertidissima com uma amiga, fiquei pensando que auto-biografias 
deveriam ser reescritas de tempos em tempos.
Falavamos sobre gostos, preferencias musicais e como sempre surgiu aquele velho e conhecido chavão : 
"Gosto nao se discute!!!"
Mesmo não concordando totalmente, fiquei impressionada com a frase que veio logo a seguir, pois nunca tinha ouvido essa combinação : "Gosto não se discute, só se lamenta!" kkkk
Falamos sobre vários costumes típicos de hoje em dia  que sinceramente não me enquadro muito bem.
Depois que findamos a conversa eu fiquei pensando,  como é incrivel nossa trajetoria. Como a construção do individuo se difere de um para o outro, mesmo esses tendo uma ligação tão proxima. 
Brincadeiras a parte, quero refletir sobre a singularidade das pessoas. E como diante de questões como essas  referente a gostos pessoais, denunciamos muitas vezes nossos exclusivismos e superioridade sobre outrem.
Não importa qual seja o assunto em questão.  Cultural, social, religioso sempre expressaremos ainda que nas entrelinhas, nosso desapreço sobre os gostos que diferem do nosso.
Tenho vários amigos de diversas tribos que conseguem passear e se divertir tranquilamente em diferentes 
ambitos culturais, não gosto de exclusivismos, nao curto demarcações, segregações e coisinhas do tipo.
Mas todo esse dialogo me fez refazer minha autobiografia. 
Confesso ás vezes me considerar um tanto fora de órbita, de contexto. Mas vamos lá, vou tentar reescrever 
minha nova auto-biografia.


Me chamo Dalila Galdino, ( Dazinha Ferreira até praticamente ontem), 30  anos (não tao bem vividos), branca (com alma de preta), casada (outrora por certa pressão, mas hoje por opção) , nascida em 18 de março de 1983, pisciana com ascendente em cancer (segundo minha amiga Danila). Tenho alma de Sereia, alma de quem vive no mar, e sonha com a terra, canta a vida, canta o lamento, canta e encanta. Pobre encanto!
Sou um tanto livre, com alma um tanto livre, idéias um tanto livres e espírito um tanto livre. 
Amo agua, nasci pra andar no tempo! Nunca preciso de guarda chuva, guarda sol ou coisas do tipo.
Não sirvo pra ser controlada pelas horas, pelos minutos, pelos segundos, isso me desespera, procuro não ser refém dos ponteiros, não necessito de usar relógios. 
Aliás, tenho problemas com horários ( principalmente os matinais). A vida deveria começar depois das 10 pra todo mundo!
Não gosto muito de telefone, dificilmente irá me encontrar dependurada ao telefone. Talvez por isso também eu não tenha um celular. As vezes até gostaria de um, mas definitivamente guarda chuvas, relogios e celulares , são roupas que nunca me caíram muito bem.
Falo de futebol com pretensão, de politica como quem sabe das coisas e de religião como quem ja pertenceu  ao "santo lugar".
Sou eclética pra praticamente tudo. Cores, roupas, comidas, verduras, frutas, bebidas, musicas etc...
Não sei marca de nada, não consumo marcas, pra mim o caro e o barato mal se diferenciam pela qualidade, meu lema é gostou levou!!!
Amo Musica Popular Brasileira em todas suas manifestaçoes, adoro os mantras hindus, cantarolo cinrandas e pontos de Umbanda, assim como chego a adoração com algumas musicas gospel. 
Passeio do Samba ao funk, do forró ao maracatu, do frevo ao axé. Tenho a Bíblia e o manifesto comunista, Leio Dom Casmurro e 50 Tons de cinza! rs Trago um nacionalismo tipico de Policarpo Quaresma.
Tenho minhas verdades, mas nunca elas imutavéis. Ja passei da fase do exclusivismo. Hoje pertenço a tudo e tudo me pertence.
Acredito no poder que as escolhas geram sobre nós. Plantei sementes boas e assim as colhi, e da mesma 
forma que plantei más sementes, tambem as tive que colher.
Nasço, vivo e morro todos os dias. Como num ciclo sem fim.
Vivo um milagre por dia, um de cada vez, sem muitas pretensões, enxergando tudo como uma benção e uma oportunidade.
Sou curada, embora tenha um diagnostico de uma doença auto imune no Sistema Nervoso Central. Me curei!
Curei a alma, não me escondo, não evito os olhares de ninguem, não ostento  alianças nem posturas 
santas. Nao julgo, e nao me visto de verdades absolutas. Quão penoso é carregar um fardo tentando se convencer dia a dia de que ele é leve!
Ja me vi sem rumo, qdo deixei a bagagem pesada para tras, assim como vejo pessoas que deixaram a bagagem fisica, mas ainda as carregam na alma, na inflexibilidade, na amargura das palavras que um dia proferiu.
Não me dou mto bem com tecnologias,(minha amiga Michela que diga). Adoro ser fragil pra pedir ao marido que abra latas enguiçadas e garrafas dificeis de abrir.
Detesto sentar a mesa sozinha. Comer em frente a TV na sala jamais...
Mesas são feitas para a familia, pra se contar como foi o dia e honrar o alimento q esta sobre ela.
Adoro conversas que duram a madrugada toda, sorvetes de domingo e  passeios de mãos dadas. Peço "bença" pra mãe antes de viajar, digo que a amo todos os dias. Ela sabe, mas é sempre bom lembrar....
Tô ficando boba, mais do que o de costume. Começo a desconfiar que a vida gostosa de se viver começa aos 30!
Hoje minha autobiografia  bemmmm resumida é essa. Certamente daqui ha 5 anos, será outra. Há 10 outra, e assim sucessivamente...
Espero que findem alguns medos e que surjam novos, mas que nenhum deles me paralise diante da vida. (Desafios nos desestabilizam por tempos, mas são sempre produtivos). 
Espero estar mais resolvida em alguns aspectos (meu terapeuta tb espera, aposto). Desejo ter os amigos de hoje, com encontros de carnavais, cafés da tarde, "sacrificios de horas de viagem" e musicas de domingo, só pra se fazerem presentes.  Desejo muito conquistar mais alguns pares deles. Todos diferentes, mas com a mesma alma, clareza e lealdade.
Desejo gostos diferentes,  com todo direito e  prazer de gostar, seja do que for e como for, simples assim... 
Carpe Diem...

13 abril, 2013

Eu - nas palavras de Rubem Alves

É com muita pretensão e ousadia que posto esse texto aqui nesse meu espaço, tomando para mim a exclusividade dos seus versos.
Pensei em gravar a leitura desse texto e expor aqui o audio. Contudo, me lembrei de um amigo que noutro tempo me disse : "Dázinha, você lendo poemas, por mais belo que seja o faz  parecer com um artigo policial." 
Achei melhor não, fiquei meio bloqueada!!! kkkkkkkkk
Mas enfim, esta aqui um dos textos do Rubem Alves que eu amo de paixão e que minha alma se reconhece nele. Espero que gostem.... 
Ao término, ele (Rubem Alves) fala CARPE DIEM por mim!!! kkk
(Quero apresentar e oferecer esse texto ao meu terapeuta, Dr. Rodrigo Martins, eis o tal Rubem Alves de quem tanto falo!) 
Sem muitas análises ok?
.................................................................................................................................................................

"Resta" - Rubem Alves


Comovo-me ao recordar-me do poema do Vinicius " O haver". É um poema crepuscular. Ele contempla o horizonte avermelhado, volta-se para trás e faz um inventário do que sobrou.
Fiquei com vontade de fazer algo parecido,sabendo que não sou Vinícius,não sou poeta, nada sei sobre métrica e rimas. 
E eu começaria cada parágrafo com a mesma palavra com que ele começou as suas estrofes: Resta... Resta a luz do crepúsculo, essa mistura dilacerante de beleza e tristeza. Antes que ele comece ao fim do dia,o crepúsculo começa na gente.
O *Miguelim menino já sentia assim: "O tempo não cabia. De manhã já era noite...".Assim eu me sinto, um ser crepuscular. Um verso de Rilke me conta a verdade sobre a vida:"Quem foi que nos fascinou para que tivéssemos uma ar de despedida em tudo o que fazemos?".  
Restam os amigos. Quando tudo está perdido,os amigos permanecem. Lembro-me da antiga canção de Carole King,"You got a friend": "Se você está triste,no fundo do abismo e tudo dando errado, precisando de alguém que o ajude -feche os olhos e pense em mim. Logo logo estarei ao seu lado para iluminar a noite escura.Basta que você chame o meu nome...Você sabe que eu virei correndo pra ver você e de novo . Inverno,´primavera, verão ou outono, basta me chamar que eu estarei ao seu lado. Você  tem um amigo..." . 
Eu tenho muitos amigos que continuam a gostar de mim a despeito de me conhecerem. E tenho também muitos amigos que nunca vi. 
Resta a experiência de um tempo que passa cada vez mais depressa,"Tempus Fugit"."Quando se vê já são seis horas. Quando se vê já é sexta-feira. Quando se vê já é Natal. Quando se vê já terminou o ano. Quando se vê não sabemos por onde andam nossos amigos.Quando se vê já se passaram cinquenta anos...(Mário Quintana). Resta uma ternura por tudo que é fraco,do pássaro de asa quebrada ao velho trôpego e surdo. 
Fui um adolescente fraco e amedrontado. Apanhei sem reagir. Cresceu dentro de mim uma fera que dorme. 
Toda vez que vejo uma criança, uma pessoa humilde e indefesa sendo humilhada por uma pessoa que se julga grande coisa, a fera acorda e ruge. Tenho medo dela. 
Resta a minha fidelidade às minhas opiniões que teimo em tornar públicas,o que me tem valido muitas tristezas e sucessivos exílios. Mas sei que minhas opiniões,todas as opiniões, não passam de opiniões. Não são a verdade.
Ninguém sabe o que é a verdade. Meu passado está cheio de certezas absolutas que ruíram com os meus deuses. 
Todas as pessoas que se julgam possuidoras da verdade se tornam inquisidoras.Por isso é preciso tolerância.
Resta a verdade que, muitas vezes, fica nublada, escondida pela maldade de alguns seres humanos. 
Resta, na catedral vazia, a luz dos vitrais coloridos, o silêncio,o repicar dos sinos,o canto gregoriano, a música de Bach, de Beethoven, de Brahms, de Rachmaninoff, de Fauré, de Ravel... 
Resta ainda, no pátios da catedral arruinada, a música de Jobim, do Chico, de Piazzola... 
Resta quanto tempo? Não sei.
O relógio da vida não tem ponteiros.Só se ouve o tique taque...
Só posso dizer: " Carpe Diem" - colha o dia como um morango vermelho que cresce à beira do abismo. É o que tento fazer.

07 abril, 2013

Irracional? Que injustiça!!!


Hoje vou falar sobre algo sem mta importância pra muitos, mas de extrema relevância pra mim: a companhia do meu Juquinha.
Creio que mtos de vocês, ou ja o conhecem pessoalmente ou ja ouviram falar dele. 
Pois bem, Juca é o meu cachorro, e ele está prestes a completar 4 anos, o mesmo tempo em que fui diagnosticada com EM.
Qdo o adotei, estava me recuperando de um surto na qual fiquei 3 meses sem andar e quase 5 sem sair de casa. 
Imaginem a deprê??? 
Pois é, era assim que eu me encontrava, só saía de casa na época para a realização das minhas terapias e consultas medicas. Como ja disse em outros posts foram tempos mto difíceis. 
Logo qdo comecei a andar novamente, tomei coragem e resolvi dar uma voltinha de carro com o William para ver o movimento da cidade, pois ha tempos não saia assim sem um propósito especifico. Passamos em frente a uma feira de adoção de animais (ONG ADOTE JÁ) abandonados que acontece aqui em nossa cidade e decidimos dar uma paradinha.
Foi amor a primeira vista!
Qdo olhei aquela bolinha de pelos nas mãos de uma outra pessoa, eu pensei, se ele não quiser vou levar essa bola preta pras mim!
E não é que dei sorte!!!
O homem estava procurando uma cadelinha e aquele bichinho peludinho, embora fosse lindo, era um machinho.
Não pensei duas vezes, assim que o homem o colocou de volta na gaiola eu o peguei. Liguei pra minha mãe, e em consenso com meu marido o trouxemos.
Na época, ele tinha apenas 2 meses. Aprontava horrores.... 
Desde a destruição de inúmeros chinelos a fugir pelo vidro da janela do carro enquanto parávamos para estacionar na garagem ele ja aprontou.
Sempre foi mto brincalhão,  e devido a minha mobilidade bem reduzida na época ele ficava mto em cima de mim, estava num processo de recuperação, mto chorona ainda, enfim....
Hoje graças a Deus recuperada, acompanho as peripécias desse bichinho q alem de "perereco" é mto carinhoso e inteligente.
Aqui está ele e um tiquinho da doçura e inteligencia de um bichinho que tende a ser chamado de irracional.
Qta injustiça!!! Espero que curtam.
Bjs CARPE DIEM

A compaixão pelos animais
está intimamente ligada a bondade de caráter,
e quem é cruel com os animais
não pode ser um bom homem.
Arthur Schopenhauer


Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais.
Alexandre Herculano

  ...