Oi minha gente, saudades do meu cantinho!
Estou sem computador e devido a isso tenho entrado pouco na internet.
Dia desses passei aqui pelo blogg para verificar alguns comentarios e mais uma vez tomei a decisão de não aceitar um comentario sobre o post anterior: "Haja Paciência".
A pessoa além de não identificar-se estabeleceu um comentário totalmente inflexivel e raso sobre meu "equivoco" de não mais compreender a importância do evangelismo daquela mulher que encontrei no INSS.
Ao final de ideias prontas e chavões de fé a pessoa (cristã e anonima) completou: "Se você aceita sua doença... Boa sorte!"
A princípio lamentei por aquele leitor não compreender a ideia intrinseca que vai bem além do fato daquela mulher insistir em falar de Jesus (deixo claro e cristalino que o problema difinitivamente não é esse). O que me faz lamentar é a sensação de se sentir exaurida pela falta de bom senso que toma determinados cidadãos delegando ao invisível todas as culpas e responsabilidades, todos os méritos e desméritos por tudo que acontece nessa vida! Me desculpe, mas não aguento e nem estou disposta a aguentar.
Mas enfim, levei esse caso para minha sessão semanal de terapia e juntamente com meu psicólogo ´Dr. Rodrigo Martins começamos a refletir sobre FÉ e ACEITAÇÃO.
Insisto em dizer que aceito sim minha doença, que convivo tranquilamente (na medida do possivel) com a EM, e que certamente seria uma esclerótica frustrada se vivesse meus dias na ignorância de que uma patologia que ate o momento não possui cura sumisse feito magica : PLINNNNNNNN!
Se isso é sinônimo de fé, me desculpem... minha fé consiste em agradecer aos céus todos os dias, vivendo um dia por vez reconhecendo minha atual condição e vivendo da melhor maneira possivel.
Após suplicar (momento exagero), tenho hoje o prazer de sua ilustre presença rs e tê-lo aqui em meu blogg, falando sobre o processo de aceitação não só na Esclerose Multipla, mas de modo geral.
Espero que gostem...
Bja Carpe Diem
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Aceitação...ou como o processo do luto pode ser
visto diferente
Texto escrito por: Rodrigo Ruis Martins, psicólogo inscrito no CRP 06/107.982.
Olá, sou o Rodrigo, psicólogo, e a pedidos estou
escrevendo esse texto sobre a questão da aceitação.
Uma das muitas questões abordadas neste blog é a
Esclerose Múltipla (E.M) , e como patologia crônica e ( até o
presente momento) incurável deve-se sempre tomar muito cuidado com
uma das principais demandas quando se pensa nessa questão: o luto e
os problemas de se desenrolar de forma saudável esse momento.
Uma das minhas frases favoritas é de um psicólogo
americano chamado A. Beck ( patrono da Terapia
Cognitiva):
" Não é uma situação por
si só que determina o que as pessoas sentem, mas, antes, o modo como
elas interpretam uma situação"
( Aaron T. Beck, 1964)
Vamos entender melhor o que Beck
quis dizer com isso:
- A Esclerose Múltipla ( e qualquer outra patologia) não vai desaparecer só porque você se recusa a falar sobre isso.
- A Esclerose Múltipla ( e qualquer outra patologia) não vai desaparecer só porque você conta para tudo e todos que é portador.
A situação ( E.M) por si só não
determina o nível de sofrimento que você terá que enfrentar. Qual
o nível de sofrimento que você terá depende muito mais como você
conduz a situação ( e de como você pensa , seus sistemas de
crenças e valores ), do que ela por si só.
Ta bom Rodrigo, mas lá no começo
você falou de luto. Luto não é só quando morre alguém?
Sim e não. De fato o luto é
quando morre algo, mas não precisa ser necessariamente alguém.
Quando deixamos de ser criança e
nos tornamos adolescentes enfrentamos o luto da morte do status de
criança.
Ao perdermos o emprego,
enfrentamos o luto da morte daquele emprego.
Quando alguém recebe o
diagnóstico de E.M ele terá que enfrentar um terrível luto. A
morte daquele que ele chamava de “eu” para um novo “eu”. Um
com E.M. e todas as limitações que isto implica. E pode ser muito
complicado.
Um dos meus modelos preferidos é
o proposto por Kübler-Ross dividido em 5 estágios :
- Negação ( “Eu não tenho E.M., isso foi erro do médico, vou procurar uma 2º,3º,4º opinião” )
- Raiva ( “Que merda! Justo comigo? O que fiz de errado! O fulano tal tem uma vida toda errada e isso acontece comigo??”)
- Barganha ou Negociação ( “Se eu fizer isso...aquilo vai acontecer”, normalmente de cunho religioso o paciente negocia com Deus a sua melhora, as conhecidas promessas)
- Depressão ( “ Já que estou com E.M vou desistir e jogar a toalha “)
Nem todos vão passar pelos 5
estágios ( normalmente 2 ou 3 estágios apenas) e não estão em
ordem, porém deve-se lembrar que o objetivo sempre é chegar em
estágio de aceitação.
E como chegar a aceitação?
Bem, somos todos únicos e não
existe uma formula mágica para isso acontecer, porém não posso
deixar de escrever o que eu acho que deveria ser claro para todos:
Procure um psicólogo, ele está apto a te ajudar. Ter E.M. é muito
complicado e você precisa de toda ajuda profissional.
Ele vai conseguir perceber seus
padrões de pensamentos e comportamentos disfuncionais e te ajudará
a pensar em alternativas para eles.
Tenho que colocar uma observação
que Aceitar a condição de ter E.M. é diferente de desistir e
deixar levar. Essa atitude está muito mais ligada ao estágio de
Depressão do que aceitação.
Aceitar é entender as limitações
e trabalhar para que elas não o atrapalhem em ter uma vida feliz.