Questão de pele... (minhas tatoos)

25 março, 2012

Mudando a fé ou será o foco?


Tenho refletido muito sobre a coragem de se quebrar com "alianças" que sempre declaramos que fizeram parte da nossa vida.
Muitos sabem que fui (como grande maioria dos brasileiros) criada num lar tendo por princípios morais a educação cristã.
Mae católica com raiz espirita e pai batista com grande apreço ao judaísmo, tive minha formação moral firmada nesses princípios.
Fui batizada, fiz primeira comunhão , confessei meus bárbaros pecados e comunguei como uma boa mocinha no auge dos seus 11 anos de idade.
Quando atingi minha adolescência tive felicidade (ou não) de conhecer "a verdade".
Verdade essa que me ensinou muito até digamos aos meu vinte e poucos anos. (Graças aos céus foram só vinte e poucos).
A questão é que fui uma boa moça, boa dentro dos padrões que aquele âmbito social exigia que eu fosse.
Orava, dançava, pregava e julgava. Tudo em nome de deus é claro. Buscando sempre dar o melhor testemunho daquilo que professava com minhas palavras.
Há alguns anos rompi com o compromisso com instituições religiosas, que sinceramente me tiraram um peso que ouvi a vida toda que se eu carregasse, tudo ficaria mais leve.
Certo dia um taxista amigo próximo da família, me questionou ousadamente(como faz todo crente) se o fato de eu nao professar mais nenhuma forma de religião, era devido ao meu diagnostico de Esclerose Múltipla?
Eu sorri e disse que graças aos céus meu descontentamento e minhas conclusões haviam chegado ate mim, antes mesmo da doença.
Não contente, e cheio de verdade divina, ( cá entre nós, também tipico dos fiéis a pregação do evangelho), me questionou se eu nao temia ser a mão de deus pesando sobre mim com aquela doença, devido a minha decisão de nao frequentar mais a igreja?
Novamente, eu tive que sorrir e responder que se estivéssemos tratando do mesmo deus, poderia ser que sim.
Afinal Jó era justo e perdeu tudo. Abraão teve sua fé provada ao ponto de ter que se dispor em matar o próprio e único filho Isaac. Criancinhas inocentes foram mortas com enxofre do céu lá em Sodoma e Gomorra, e se nao bastasse a mulher de Ló virou uma estatua de sal por um momento de curiosidade em saber o que se passava as suas costas, e que gritos eram aqueles, porque tantas crianças choravam como se estivessem sendo queimadas vivas?
Se o proprio criador do ceu e da terra havia matado um montão de gente numa chuva lascada q não parava mais. Quem era euzinha pra estar de fora dessa ira toda?
Mas na verdade respondi que acreditava que não. Afinal esse não e o deus que eu creio.
Observando alguns comentários que tenho ouvido e refletindo sobre algumas posturas, fico pensando como as coisas mudam...
Ironicamente ou não, "graças a deus" que mudam.
Novas prioridades estabelecem-se na vida das pessoas, dando-as a oportunidade de romper, de serem livres e de priorizarem aquilo que de fato seus corações sempre estiveram desejosos.
Nao julgo nem estabeleço juizo sobre a profissao de fé de ninguem. Assim como não aceito opinioes sobre minhas condutas atuais.
Cada um sabe de si. Sabe o alivio que é e o prazer que se tem de não se sentir incluso em determinados discursos, chavões e conceitos.
Puramente pessoal e subjetivo, é o caminhar do individuo de acordo com aquilo que seu coração teve por tempos medo de traçar.
Estou tão feliz, por saber que na minha fraqueza, sinto a presença do sobrenatural que me assiste e me sustenta. Nao porque sou eleita, nem tampouco merecedora.
Não pq meu credo é melhor ou mais verdadeiro do que dos demais. Não porque minha vida de santidade é irrepreensível, nem tampouco pq minha oração alcança o coração de deus movendo suas mãos em meu favor.
Mas porque desejo e respeito meu próximo como a extensão divina daquilo que também se manifesta em mim.
Sem verdades únicas, mas com o respeito fundamental pra se exercer qualquer discurso que tenha por base o amor.
Boa semana!
Bons ventos para nós!
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Àqueles que desejam postar quaisquer comentários sobre esse post sintam-se livres, Contudo, favor identificar-se. Afinal é um texto um tanto polêmico,pois expressa uma visão pessoal e que para contar com minhas considerações, peço por gentileza que não permaneçam no anonimato ao expor suas ideias, argumentos ou criticas.
Embora esse seja um espaço aberto e democrático, discuto ideias, e não pessoas.
Quaisquer comentários preconceituosos e exclusivistas independente de religião (como ja tive o desprazer de ler por aqui) irei dar-me o direito de excluí-los.
Abraços...





16 março, 2012

Pernas pra que te quero!

Segundo o Aurélio, a expressão "Pernas, para que te quero!" tem a seguinte definição: "Fam. Exclamação (gramaticalmente incorreta) que indica a ação de fugir correndo ante um perigo.


Pra mim essa definição tem um sentido todo impar, subjetivo e especial.
Quero minhas pernas pra muitas coisas.
Talvez, não as precise pra correr (embora em determinados momentos , confesso que me seria muito util se elas assim ainda fizessem).
Hoje olho pras minhas pernas com a singeleza e a gratidão de quem é feliz por andar algumas miseras centenas de metros.
Durante a parada de tres minutos num semaforo (lugar onde as reflexoes me sobreveem de maneira espetacular), observei a pressa de algumas pessoas, a lentidão de outras, algumas com aquela corridinha basica que todos sempre fazem ao atravessar a rua.
Todos. Menos eu!
Como ja disse em outro post, hoje em dia ando como quem passeia pela vida. Sem pressa, um tanto desequilibrada, e por vezes precisando da minha pernoca reserva(minha muletoca rosa).
Meu lance com as minhas pernocas, é uma estoria meio complexa.
Passei por algumas fases, onde umas ja foram superadas e outras ainda continuam a me atemorizar.
Minha mãe acha graça quando olho pras pessoas e estabeleço comentarios do tipo:
- olha eu poderia ser gordinha assim! Mas como anda bem!!! (quem me conhece sabe, que travo uma luta constante c a balança)
- nossa essa velhinha tem o quadruplo da minha idade, e anda melhor que eu!
Ou então, quando avisto aquelas pessoas q ficam em pé no sinal o dia todo com cartazes ou bandeiras de propagandas...
Meus olhos se enchem de graça e nao tem como nao dizer:
- "benza" a deus que perninhas fortes!
Hoje minha luta diaria pra fortalecer minhas pernas é por pura questao de saude; é um compromisso que tenho comigo mesma.
Embora seja mega preguiçosa e deteste exercicios fisicos, sei da importancia da minha ergometica, meu yoga meus exercicios de pilates e minha fisio.
Talvez, pra muitos de voces esse meu post, seja uma grande bobagem. Mas se vc leitor anda bem, nao tem mobilidade reduzida como eu, e nao se dá conta de quao especial é nao ter limites a serem alcançados pelas suas pernocas, bendiga aos céus e não murmure por cansaço ou por problemas esteticos.
Hoje vejo quão futil fui em determinadas posturas que só agora me dou conta de como ser essencia e infinitamente melhor q ser aparencia.
Que os ceus abençoe quem tem o funcionamento das suas pernocas perfeitamente bem, e que os deuses ajudem a pessoas que como eu, necessitam adaptar-se e reler-se num cenario sem muitas correrias , antes passos de viajantes do mundo, sem pressa e sem afobação!
Beijos

"...ANDAR COM FÉ EU VOU QUE A FÉ NÃO COSTUMA "FAIÁ"..."

" ANDO DEVAGAR PORQUE JA TIVE PRESSA, E LEVO ESSE SORRISO PORQUE JA CHOREI DEMAIS..."


12 março, 2012

Companheiro de lutas e bandeiras

Só o tempo, a releitura de valores, o traçar de novas prioridades, são capazes de nos fazer contemplar aquilo que desejávamos que sempre tivesse feito parte da nossa vida.
Ontem, domingo, fui à exposição da Índia, (que estará acontecendo ate dia 24 de abril no Centro cultural do Banco do Brasil, em SP.)

Mais uma vez, pude contar com a fiel companhia do William, que tem se mostrado de uns tempos prá cá, o homem mais
flexível e desprovido de todo tipo de preconceitos.
Sempre o admirei por suas concepções politicas, seus valores morais, seu esforço com relação aos estudos e sua vida profissional. Contudo nunca escondi dele, nem de ninguém, que sua postura qdo descobri meu diagnóstico , não foi nada fácil.
Me vi pra trás,estagnada. Enquanto a vida de todo mundo continuava, (inclusive a dele), a minha continuou ali parada , inerte, num mar de lagrimas e pipocas. ( quem sabe da estoria das pipocas ira entender).
Qdo ele decidiu rever suas prioridades, muita coisa ja havia acontecido. Mtos aborrecimentos, muitos pesares, muitas decisões.
Mas o que eu quero compartilhar hoje, é a minha felicidade de te-lo ao meu lado em algo que em outros tempos jamais o teria.
Tenho contado com seu apoio e incentivo para muitas decisões que certamente me fazem um bem imensurável.
Vejo que me ver bem e feliz tem sido pra ele questão de honra, sua maior prioridade.
Temos um amor que supera interesses pessoais, sentimentos de posse ou qualquer coisa do tipo.
Sempre fomos livres de opiniões alheias e de dogmas presentes em religião ou convenções sociais.
Viemos conversando durante o caminho de volta, sobre frustrações, angustias, prioridades, mudanças, e concluímos que se não amadurecêssemos com esses contratempos nada seria proveitoso.

Precisava dedicar esse espaço hoje , para agradecê-lo pelo dia de ontem. Pelos risos, pelos comentários sussurrados ao pé do ouvido durante uma explanação que na opinião dele era absurda. Pelos chavões que sempre fizeram parte da nossa vida, e como tínhamos o habito de "endemonizar" tdo.
Precisava agradece-lo pelas novas versões que criamos de algumas musicas do passado e que viemos cantando no caminho.
Pela surpresa em questionarmos a guia com relação ao pavilhão q estávamos e ela nos dizer q estávamos no pavilhão de exposição da India! Hein? Jura ? Nao me diga!!! kkk

Preciso dizer que não sei e nao consigo amar de outro jeito que não seja o nosso. Que a liberdade que ele sempre me deu, me faz honra-lo e respeitá-lo acima de qualquer coisa. E que embora tenha feito questão muitas vezes de opiniões alheias, hoje eu quero mais é q danem-se aqueles que usam o tempo pra falar de nos.
Amo ser sua amiga, companheira de lutas e bandeiras com quem divido (mais do que nunca) minhas lagrimas, meus risos e meus mantras.kkk
Infinitamente obrigada, NEOQEAV.





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04 março, 2012

A Invalidez está na alma!

As vezes me lembro de um amigo la de Recife, me dizendo "Nega, tem muita gente andando por ai, cheia de autonomia que são muito mais invalidas do que pessoas com dificuldades físicas ."
Sempre me lembro disso. E essa recordação sempre me aquece o coração, pois me faz olhar pro quanto minha essência, meu coração, minha visão de mundo é superior as minhas pernocas (nao tao fortes como antes), as minhas limitações.
Nunca tive alma derrotista, sempre me orgulhei do meu intelecto não preconceituoso, dos meus conceitos não exclusivistas.
Me orgulho de quem sou hoje, e luto pra que a futilidade, a vaidade, a inflexibilidade e a frustração não estejam atadas ao meu pescoço como adereços que fazem parte da minha identidade, da minha personalidade, do meu caráter.
Hoje em dia , meu amor é livre, sem amarras, sem cadeias, e diferente do que muitos podem pensar ou desejar, isso me faz completa pela essência de quem sou.
Minha felicidade não esta nas circunstancias. A encontro nos momentos em que a vida me da a oportunidade de ser mais gente, mais integra, mais eu. Tenho a ousadia de estar com quem desejo estar, e me abster de pessoas que considero não me acrescentar nada de proveitoso.
Tenho travado uma luta constante com meu equilíbrio físico.
Têm dias q acordo perfeitamente bem. Mas tem dias que o calor, a fadiga e a necessidade da minha muletoca me fazem perder o humor.
As vezes sinto minhas mãos sem a força devida que necessito pra atividades simples, as formigas que insistem em apreciar meu corpinho e coisinhas características da própria patologia de Esclerose Múltipla.
A questão é: será que vou me acostumar?
Quem me dera se eu tivesse a alma de hoje com o corpinho da Dazinha de antes.
Pra ser sincera, acredito que isso jamais seria possível!
Olho pro contexto em que eu vivia anteriormente e não consigo encontrar os valores que tanto me orgulho de ter e defender hoje em dia.
Tem sido um grande desafio pra mim me repaginar, e me adequar às minhas novas e por hora momentâneas limitações, afinal graças aos céus nenhuma delas têm me afligido de modo permanente.
Por mais que a luta seja travada diariamente, sei que meus valores estão imensuravelmente prioritários a quaisquer dificuldades que meu corpo físico possa atravessar.
Me emocionei muitíssimo vendo essa cena da novela "Viver a Vida", em que a protagonista se vê diante de uma nova vida cheia de limitações pra coisas tão corriqueiras que ate então, faziam parte do seu dia a dia.
Não estou comparando de forma alguma meu diagnóstico com a falta de autonomia apresentada no capitulo, (afinal o caso da moçoila foi um acidente q a deixou tetraplégica, e a esclerose múltipla, embora seja degenerativa, tem um curso de progressão diferente pra cada paciente) o que parei p refletir, foi sobre a capacidade ímpar que todos nós temos de superação, ainda que a principio pareça algo impossível.
Parei pra pensar sobre a tentativa de esforçar-se para olhar as circunstancias com nosso melhor olhar, sem a ideia de comodismos, mas sim de adaptação, de coragem, de desafio.
E pra abrir meu coração, e ser um pouco egocêntrica em minhas opiniões, já não me cabe mais, ver pessoas gozando de boa saúde física e psicológica, presas às situações que as impedem de locomover-se sem pesares diante das surpresas q a vida proporciona.
A vida é feita de constantes começos e recomeços e só ficam paralisados diante deles quem sofre de paralisia na alma.
Graças aos deuses, esse não e o meu caso. E desejo profundamente que também não seja o caso das pessoas que amo e que assim como eu, possuem uma doença nada fácil de lidar como a minha. <3

Espero que se permitam assistir essa cena. Meu arcanjo " Miguel", anjo por presente e não por vocação tem ouvido minhas preces e me ajudado a ter discernimento e coragem pra seguir em frente.