Oi genteeee , e aí? Tudo certo?
Final do ano chegando e mais uma vez (como de costume) um balanço geral de como foram esses 365 dias começam a permear meus pensamentos. Os prós , os contras, os momentos bons e os ruins começam a ser relembrados com o único objetivo: crescimento, aprendizagens, experiências e gratidão.
Não querendo estabelecer uma tradição mística, mas tenho reparado há alguns anos que meus anos "pares" sempre vêem carregados de surpresas não muito agradáveis. Na verdade acho pura coincidência, mas... é algo pra se pensar.
Em 2014 não foi um ano diferente!
Muitas coisas boas aconteceram, no entanto os momentos difíceis pra mim foram de lascar, literalmente! kkk
Até o término do primeiro semestre tudo ia muito bem, até que um belo dia no trânsito sinto meu olho direito mega embaçado. Ao mover os olhos para olhar pelo retrovisor senti que algo não estava normal, ao fechar o olho esquerdo diagnostiquei: NÃO ESTOU ENXERGANDO DA VISTA DIREITA!
A principio (como sempre) pensei, não é nada, daqui a pouco passa. Teimosa como sou, deixei passar um, dois, três, sete dias, e o que era apenas uma visão turva passou a dar início à dores terríveis no globo ocular direito. Já não conseguia ficar na luz, ver TV, teclar no celular.
A dor do olho direito tomou conta de toda minha cabeça e não tive outro jeito senão recorrer ao meu neuro.
Conclusão: você está num quadro de inflamação ótica, comum nos pacientes de Esclerose Múltipla, isso é um surto que exigirá de você cinco dias consecutivos de pulsoterapia. (Procedimento intravenoso a base de corticóide para cessar a inflamação).
Maior que minha dor no olho foi meu desespero em tomar os cinco dias seguidos de corticóide, ficar com a "cara" mais gorda do que de costume, e o pior de tudo FICAR INTERNADA!
Implorei para que meu médico solicitasse uma internação/dia, e assim graças aos deuses aconteceu.
Fui ao hospital e voltei durante cinco noites seguidas tomar a medicação na veia durante quatro horas diárias, esperando pinguinho por pinguinho ser absorvido pelo meu corpinho que ficava cada dia mais rechonchudo. Assisti novela, propaganda eleitoral, conversei com pessoas mais "malacabadas" que eu, ouvi música, me indignei (e muito) com o quadro da saúde que não é privilégio único dos hospitais públicos, mas também nos hospitais particulares.
No primeiro dia já senti uma melhora significativa e no final do quinto dia digamos que a dor havia sumido e que 80% da minha visão havia voltado. Hoje, posso dizer que voltei a enxergar perfeitamente.
Passado o mês de agosto e meu esforço excessivo para desinchar após o corticoide (quem passa por esse martírio sabe a dureza que é), vou numa bela noite de sábado jantar na casa de dois amigos (Danila e Marcelo, praticamente irmãos, graças a Deus rs) conversa vai conversa vem, euzinha "espertona", piso em falso num degrau de mais ou menos uns três centímetros, levo um mega tombo que até hoje não sei explicar como bati a boca no chão!
Resultado: Ao me levantar senti que meus DENTES DA FRENTE havia quebrado, além de sentir que alguma coisa de errada havia acontecido com meu meu braço.
O braço doía confesso, mas o desespero de olhar no espelho e ver um dente quebrado praticamente pela metade e o outro lascado me apavorou.
Respirei fundo e pedi pro William me levar ao hospital pra ver primeiro o que havia acontecido com o braço.
Foi um tombo tão bobo, que eu nem poderia culpar a EM. Foi pura falta de atenção e descuido. Não acreditava que euzinha havia permitido tamanha displicência, visto que sou muitíssimo cuidadosa para não cair. De acordo com o médico, minha boca não estava machucada e nem meus dentes comprometidos, portanto, eles estavam sujeitos a quebrarem em qualquer situação, pois o excesso de corticóides enfraquece toda dentição. Sendo assim , o mais provável, foi um dente tensionado no outro e não a queda em si.
Nada sério com o braço, partimos direto para o dentista. Sábado, dez horas da noite e o meu desespero de ficar banguela ate segunda-feira.
Mas não, nada que R$400,00 à vista não desse um jeitinho.
Sete dias depois, "o jeitinho", despencou na hora de escovar os dentes.
Tive um surto psicótico dessa vez kkkk.
Voltei ao dentista muda, (banguela de novo) e calada. Sentei na cadeira e chorei antes de começar o procedimento.
O dentista havia me explicado que a resina utilizada no meu dente, havia sido uma resina normalmente utilizada para pessoas que possuem convênio, e não para aquelas que pagam particular.
Chorei mais ainda, de raiva, de revolta de vergonha por saber que pessoas são tratadas dessa maneira.
Dentes lindos, perfeitos e importados, (embora falsos), estou com eles reluzentes aqui em minha boca.
Se me perguntarem o que eu tenho de mais precioso no momento, direi imediatamente que são meus dentes. A partir disso pude compreender a profundidade de Clarice Lispector quando escreveu: "Sinto a falta dele, como se me faltasse o dente da frente."
Tudo certo, tudo arrumado, olhos ok, dentes ok, e um sentimento de pavor e medo passou a tomar conta de mim.
Retorno ao meu terapeuta que por sua vez conclui: você esta num quadro de ansiedade bem aguçado. Novamente procuro meu neurologista que me receita um ansiolítico e me faz emagrecer três kilos em um mês (há de acontecer algo bom em meio a isso tudo rs).
Estamos em meados de dezembro, e graças aos céus tudo vai bem. Já estou sem o remédio para ansiedade, os dentes continuam no lugar, os olhos acabaram de findar a leitura de Dom Casmurro, Machado de Assim , enfim, cada dia me torno mais consciente de que precisamos viver um dia por vez, um milagre por dia.
Levantamos pela manhã, sem saber o que o dia nos reserva.
O que a princípio é desespero e chateação, após assimilado passa a ser aprendizagem, riso e experiências.
Ufa, que bom que viver é assim!
Não sei se com todo mundo acontece isso, mas após passar por momentos difíceis, quando as coisas voltam ao normal, damos mais valor às coisinhas pequenas, somos gratos aos detalhes, e passamos a sorrir com muito mais alegria... EU QUE DIGA! kkk
Que 2015 seja mais leve, sem tantas emoções, mas com muitos sorrisos.